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Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"(...) Como se visse alguém beber água e descobrisse que tinha sede, sede profunda e velha. Talvez fosse apenas falta de vida: estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedisse inundações" "(...) Aos poucos, do silêncio, seu ser começava a viver mais, um instrumento abandonado que de si mesmo começasse a fazer som (...)" "(...) para nascer as coisas precisam ter vida" "(...) a praça de pedra se perdeu entre os gritos com que os carroceiros imitavam os animais para falar com eles" " (...) a vida que se leva por dentro não é a vida terrena" "(...) alguma coisa que se estava construindo e que só o futuro veria" "(...) eu sinto que não me mexo na vida dentro de um vazio absoluto exatamente porque também sou Deus" "Já lera biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida, pelo menos de vida interior" "Quanto

Facebook, desista!!!*

Estou fora de qualquer linha de algoritmo!!! Nada do que aparece no feed me representa, sequer minimamente!!!! A "inteligência" inventada pela lógica de rede, não foi capaz de me subjetivar! O algoritmo fica tonto comigo, rs... Faz surgir no feed coisinhas mimosas, depois trevosas, depois sobre a palhaçada maniqueísta do binarismo politiqueiro, depois dos gênios malditos, coisas zen, do astral, terapias, mpbosta... Rsrsrsr... E não passa absolutamente nada de que eu real ou minimamente aprecie! Rs... Quase nada que compartilho está ali pronto flutuando no F azul, no pseudo mestre Google dos preguiçosos, ou na bandalheira YouTubeana!!! Eu encontro imagens, matérias, e afins, em sites que respeito, uso das minhas próprias, monto as publicações unindo esses elementos da maneira que bem entendo e voilá... Meu scrapbook, meu álbum de família do séc XXI, meu site pessoal x profissional ambíguo, meio blasé e nonsense, empinhado de meus diferentes ofícios e sua ba

Fragmentos, Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"No fim das contas ninguém pode captar nas coisas, incluídos os livros, mais do que ele mesmo já sabe. Para aquilo que a gente não alcança através da vivência, a gente também não em ouvidos" "Não é a dúvida, é a certeza que enlouquece... Mas para isso a gente tem de ser profundo, tem de ser abismo, tem de ser filósofo para sentir assim" "(...) não acreditar em nenhum pensamento que não tenha nascido ao ar livre e em live movimentação" "A gente retribui mal a um professor, quando permanece sendo sempre apenas seu aluno" "Quem sabe respirar o ar das minhas obras, sabe que ele é um ar das alturas, um ar vigoroso. A gente tem de ter sido feito para ele, caso contrário não é nem um pouco insignificante o perigo de se resfriar no contato com ele" "A filosofia, assim como a entendi e vivenciei até agora, é a vida espontânea no gelo e nas montanhas mais altas - a procura de tudo que é estranho e duvidoso na existên

Para quê ler tantos livros e participar de vários cursos se não for para mudar de ideia?*

Se ouvir algo parcial ou completamente divergente só o leva a reforçar suas próprias convicções a fim de combater o diferente, não perca seu tempo. Invista na manutenção da pequena bolha de seu saber. Mas, se quiser deixar seu confortável porto seguro e avançar para o alto mar, prepare-se. É uma aventura que dificilmente o levará a querer retornar a seu antigo refúgio. Caso volte, verá um local inóspito, pois você não será mais o mesmo. Isso vale para a filosofia, mas também para o âmbito da fé. Aliás, é paradoxal que um amigo (filo) da sabedoria (sofia) queira agir como um sábio e um religioso se coloque como portador do conhecimento do próprio mistério. Tomás de Aquino mandou queimar sua obra filosófico-teológica porque a viu como palha diante da experiência que havia tido. Curiosamente, hoje, alguns a tomam como a “bíblia” inerrante e oracular da filosofia e da teologia. Platão se valeu de recursos poéticos para falar sobre o Bem. E o que dizer de Heidegger que,

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"Em seu ser atual, as palavras, acumulando sonhos, fazem-se realidades" "(...) As belas palavras são já espécies de remédios" "Que benefícios nos proporcionam os novos livros! Gostaria que cada dia me caíssem do céu, a cântaros, os livros que exprimem a juventude das imagens. Esse desejo é natural. Esse prodígio, fácil. Pois lá em cima, no céu, não será o paraíso uma imensa biblioteca ?"   "O devaneio nos põe em estado de alma nascente (...) o devaneio nos dá o mundo de uma alma, que uma imagem poética testemunha uma alma que descobre o seu mundo, o mundo onde ela gostaria de viver (...)" "Uma leitura sempre no clímax das imagens, imbuída do desejo de ultrapassar os clímax, dará ao leitor exercícios bem definidos de fenomenologia. O leitor conhecerá a imaginação em sua essência, porque a viverá em seu excesso, no absoluto de uma imagem inacreditável, signo de um ser extraordinário" "(...) Como está próximos

Gaston Bachelard, a Ética e a Poesia*

Em 16 de outubro de 1962, Gaston Bachelard nos deixava. Bachelard nasceu em 1884 numa família de pequenos comerciantes no interior de Bar-sur-Aube, em Champagne. Passou a infância nos campos. Foi funcionário dos Correios. Esteve nas tricheiras por 38 meses durante a guerra, instalando e reparando cabos telegráficos, e recebeu a Croix de Guerre. Tornou-se pai em 1919 e viúvo em 1920. Entre 1919 e 1930, foi professor de física e química no liceu de sua cidade. Obteve seu doutorado em filosofia aos 42 anos, em 1927, quando também publicou seu primeiro livro e ingressou como professor na faculdade de letras de Bar-sur-Aube. Lecionou em sua cidade natal até 1940, ano em que se tornou professor na Sorbonne. Bachelard foi professor de uma geração notável de intelectuais - como Canguilhem, Foucault, Derrida, Althusser, Bourdieu. A despeito de ter vivido a guerra e de ter lecionado na Sorbonne sob o regime de Vichy, a sua filosofia não possui um caráter político ou ético - não,

Fragmentos Filosóficos, Literários, Criativos*

"Depois do trabalho, Kafka saía para caminhar pelas ruas da velha Praga (...) Era só mais um solitário entre tantos. Em meio à multidão, gozava o prazer do anonimato e da indiferença, que lhe davam a sensação, valiosa, de desaparecer. Quem levaria a sério aquele homem reservado e esquisito, que parecia sempre em fuga ? (...)"   "Toda literatura é estrangeira, mesmo para aquele que escreve. Não se pode dizer de onde ela vem, e nem mesmo o que ela pretende de quem escreve (...)" " Língua pessoal, intransferível, que só o próprio escritor pode decifrar - e a literatura é essa decifração, ou a esperança de decifração" "A literatura não tem chaves (se oferece chaves, não é literatura), nem traz soluções (se oferece soluções, é antiliteratura). Apresenta, apenas,  hipóteses provisórias, fantasias que nos ajudam a experimentar o mundo, a suportá-lo, e a dele tirar algum sentido e alguns momentos de prazer"  "Em um mundo obstruí

Fiz cinquenta anos, e agora?*

A medicina diz que começamos a envelhecer a partir dos 30 anos de idade. Comigo não foi bem assim. Comecei a envelhecer quando meu filho nasceu. Por coincidência tinha justamente trinta anos. Achava que como pai tinha responsabilidade financeira e gastava todos meus dias trabalhando para sustentar a família. Chegava em casa tarde da noite, acabado de tanto cansaço, mal conseguindo aproveitar o calor de um lar. Voltei a ficar jovem quando nasceu meu neto. Brincamos juntos todas as manhãs na pracinha do bairro e me renovo todo dia.    Comecei a envelhecer quando me preocupei em esconder os primeiros fios de cabelo branco. Rejuvenesci quando deixei os grisalhos crescerem natural e desalinhadamente por cima das orelhas. Sentia-me um velho trabalhando sem prazer, amargurado, reclamando e só pensando no dia da minha aposentadoria. Depois de aposentado, virei criança. Esta conversa de envelhecer depois dos trinta começava a cair por terra. Pensava que depois de ficar viúvo, a vida

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"(...) uma concepção da matéria primitiva e da força original (...) um pequeno invólucro cultural para uma ideia primitiva, a qual também já impressionara os pré-socráticos, sem que Paracelso necessariamente a tivesse herdado deles. Estas imagens primitivas pertencem, na verdade, à humanidade em geral e podem reaparecer em qualquer cabeça de modo 'autóctone', independentes do tempo e do espaço. Para seu renascimento, necessitam apenas de circunstâncias propícias. O momento mais oportuno para isso é sempre quando uma visão do mundo desmorona e arrasta consigo todas aquelas formas e estruturas que outrora valiam como resposta definitiva (...)"  "Mesmo limitando-nos somente a descrever o 'médico' Paracelso, encontramos esse 'médico' em planos tão diversos e em tão múltiplas formas, que toda tentativa de descrevê-lo resultará em colcha de retalhos" "(...) Tudo nele tem grandes proporções ou, dito de outro modo, tudo nele é exage

Amplidão Mínima*

[...] seu crescimento é doloroso como o de um menino e triste como o começo da primavera.”                                                    Rainer Maria Rilke Eu não minto, não meto, Descubro linhas, acerto, perco o tempo, Encontro os pontos, absurdo na meta, Desconto a vida em linha reta. Sinuosidade da morte: Acho o lúdico, súbito, mordo língua, Nado a esmo, lá no fim águas, Olhos vivos nas algas da solidão, Enfio mãos, naufrago em Mar de Espanha. [1] Afundo sonhos, renovo ideias, conto histórias, Faço o cerco, prolongo a narrativa, escapo da morte, Invento mundos, amplio a visão, mato tempo em vão, Encontro espaços entre o Nada e o tempo de viver. Histórias forjadas, atos do pensamento, nada perdido, Livros lidos nunca escritos, sonho noutros lugares, Vivo distante do meu lugar, destino no acaso faz-me errante. Nunca saio do meu canto antes de olhar a fadiga das paredes. O ser não envelhece no tempo, é mais velho que a morte dos pensamen

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*

"Um mapa é uma síntese da realidade, um espelho que nos guia na confusão da vida. É preciso saber ler entre as linhas para encontrar o caminho. (...) Se a pessoa estuda o mapa do lugar onde mora, primeiro tem de encontrar o lugar em que está ao olhar o mapa" "(...) Naquele momento compreendi o que já sabia: o que podemos imaginar sempre existe, em outra escala, em outro tempo, nítido e distante, como num sonho" "O 'Aleph', o objeto mágico do míope, o ponto de luz em que todo o universo se desorganiza e se reorganiza conforme a posição do corpo, é um exemplo dessa dinâmica do ver e do decifrar. Os signos na página, quase invisíveis, se abrem para universos múltiplos. Em Borges, a leitura é uma arte da distância e da escala" "(...) o romance - com Joyce e Cervantes em primeiro lugar - procura seus temas na realidade, mas encontra nos sonhos um modo de ler. Essa leitura noturna define um tipo particular de leitor, o visionário, o

Limitação e possibilidade*

“Com as grandes obras, os sentimentos profundos significam sempre mais do que têm consciência de dizer.”                                                                  (Albert Camus) Não se trata de inconsciente. O assunto aqui é o reconhecimento da limitação humana. Camus postula que o mundo é um absurdo. Este se dá com a incompatibilidade da razão em querer compreender a ordem e o todo do mundo, com o mundo e sua impossibilidade de ser completamente abarcado pela razão. Um filósofo clínico compartilha da limitação com que o filósofo do absurdo postula. Mas, essa concordância é referente à pessoa humana. Dado que esta não pode ser totalmente abarcada pela razão. O partilhante é um mundo a ser desvelado. Não mais em sua totalidade, mas no que for possível para auxiliá-lo em sua existência. Há ausência de verdade absoluta, talvez uma das afirmativas mais polêmicas da Filosofia Clínica. Há representação singular do mundo, mesmo que à primeira vista tente-se buscar

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