"Um mapa é uma síntese da realidade, um espelho que nos guia na confusão da vida. É preciso saber ler entre as linhas para encontrar o caminho. (...) Se a pessoa estuda o mapa do lugar onde mora, primeiro tem de encontrar o lugar em que está ao olhar o mapa"
"(...) Naquele momento compreendi o que já sabia: o que podemos imaginar sempre existe, em outra escala, em outro tempo, nítido e distante, como num sonho"
"O 'Aleph', o objeto mágico do míope, o ponto de luz em que todo o universo se desorganiza e se reorganiza conforme a posição do corpo, é um exemplo dessa dinâmica do ver e do decifrar. Os signos na página, quase invisíveis, se abrem para universos múltiplos. Em Borges, a leitura é uma arte da distância e da escala"
"(...) o romance - com Joyce e Cervantes em primeiro lugar - procura seus temas na realidade, mas encontra nos sonhos um modo de ler. Essa leitura noturna define um tipo particular de leitor, o visionário, o que lê para saber como viver"
"Sempre existe algo de inquietante, ao mesmo tempo estranho e familiar, na imagem concentrada de alguém que lê, uma misteriosa intensidade que a literatura fixou inúmeras vezes. O sujeito se isolou, parece separado do real"
"Podemos ler filosofia como literatura fantástica, diz Borges, ou seja, podemos transformar a filosofia em ficção mediante um deslocamento e um erro deliberado, um efeito produzido no ato mesmo de ler"
"(...) em Borges o ato de ler articula o imaginário e o real. (...) a leitura constrói um espaço entre o imaginário e o real, desmonta a clássica oposição binária entre ilusão e realidade. Não existe nada simultaneamente mais real e mais ilusório do que o ato de ler"
"A letra tem algo de mágico, como se convocasse um mundo ou o anulasse"
*Ricardo Piglia in "O ultimo leitor". Ed. Companhia das Letras. SP. 2017.
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