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Fragmentos Filosóficos, Delirantes, Criativos*


"(...) uma concepção da matéria primitiva e da força original (...) um pequeno invólucro cultural para uma ideia primitiva, a qual também já impressionara os pré-socráticos, sem que Paracelso necessariamente a tivesse herdado deles. Estas imagens primitivas pertencem, na verdade, à humanidade em geral e podem reaparecer em qualquer cabeça de modo 'autóctone', independentes do tempo e do espaço. Para seu renascimento, necessitam apenas de circunstâncias propícias. O momento mais oportuno para isso é sempre quando uma visão do mundo desmorona e arrasta consigo todas aquelas formas e estruturas que outrora valiam como resposta definitiva (...)" 

"Mesmo limitando-nos somente a descrever o 'médico' Paracelso, encontramos esse 'médico' em planos tão diversos e em tão múltiplas formas, que toda tentativa de descrevê-lo resultará em colcha de retalhos"

"(...) Tudo nele tem grandes proporções ou, dito de outro modo, tudo nele é exagerado. Vastos e áridos desertos de palavrório insensato alternam-se com oásis cheios de inspiração, cuja intensa luminosidade ofusca e cuja riqueza é tão grande que não conseguimos descartar a desagradável sensação de termos, em algum lugar, deixado o essencial passar despercebido"

"(...) a inquietude de Paracelso que jamais o abandonou e o impeliu de cidade em cidade através de meia Europa"

"Quando as scientiae da natureza não estão no médico, diz ele: 'tagarelas aqui e ali e nada sabes ao certo a não ser o palavrório que te sai da boca'"

"(...) O médico é o instrumento por cujo intermédio a natureza é levada à obra (...) O remédio cresce espontaneamente e surge da terra, destarte nos nada criamos. O que o médico faz não é obra sua. O exercício desta arte está no coração: sendo teu coração falso, também será falso o médico dentro de ti"

"(...)  gênio criativo nunca é um, mas vários e por isso fala, no silêncio da alma, à multidão, cujo sentido e destino ele encarna tanto quanto o próprio artista"

"A anomalia mental também pode ser uma espécie de sanidade mental, inconcebível para a inteligência mediana, ou um poder espiritual superior"

"Todo ser criador é uma dualidade ou uma síntese de qualidades paradoxais"

"O homem normal consegue suportar a tendência geral sem se prejudicar; mas o homem que caminha por atalhos e desvios, que não pode, como o homem normal, andar pelas amplas estradas principais, será o primeiro a descobrir o que se encontra afastado da grande estrada à espera de poder participar da vida"

*C. G. Jung in "O espírito na arte e na ciência". Ed. Vozes. Petrópolis/RJ. 1991. 

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