Uma profecia de caráter
excepcional recai sobre alguns escolhidos, parecem surgir de uma cepa rara,
sujeitos a descrever a saga do personagem marginal. Estruturados para surgir
como transgressão continuada, ser iconoclastas e seus contrários, quase ao
mesmo tempo, desconstroem a certeza de uma só verdade para todas as
coisas.
A atitude inesperada de
toda razão oferece a perspectiva plural na forma de poesia, filosofia, arte,
subversão estética ao mundo instituído. No caso da inquietude filosófica, antes
de virar técnica acadêmica, é a concepção do eu como outros que retorna na
inspiração libertária dos movimentos da irreflexão.
Um cavalheiro andante
em busca de sua tribo encontra Adão e Eva no paraíso da singularidade. A
palavra realiza uma poética das ruas. Seu caráter de profanação reivindica
rituais de iniciados. Os enredos do mundo novo percorrem as dialéticas do
imprevisível. Visionários incompreendidos possuem a rara aptidão de conceder sabor
de vida real aos delírios de invenção.
Os apontamentos do
devaneio se iniciam em um não-saber. Abertura de alma em íntima interseção com
os deslizes do cotidiano. Repercussão dos achados a tecer caricaturas
recém-chegadas dos percalços da vida normal. Alguns segredos escolhem o
silêncio desmerecido para acenar suas versões.
Aproximação das margens
com a reinvenção das águas. Essa linguagem surge como refém dos endereços
existenciais por onde o autor transita. Em cada página um continente virgem insinua
sua geografia ao leitor das suas possibilidades. Ao integrar invisibilidades, a
alquimia de viver sem intermediários se faz hermenêutica das incompletudes. Seu
querer dizer aprecia abrigar múltiplos sentidos. A investigação procura os
rastros desse estranho a percorrer suas lacunas.
Aos rascunhos das
entrelinhas restaria á condenação à fogueira dos versos malditos, não fora a
curiosidade pesquisadora a resgatar os traços de originalidade ao seu redor.
Sujeitos inconformados a rotina da intenção domesticada, se associam como
cúmplices do instante criativo. Articulam o encontro do absurdo com a raridade
de sua tradução. Anotações preliminares em busca dos heróis dessa poética
clandestina.
*Hélio Strassburger
Filósofo Clínico não
alinhado
Comentários
Postar um comentário