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Observador da sacada*


    
“Adorava poder mostrar-lhe o filme, mas, por outro lado, sei que tem outras coisas na cabeça.”
                                           Win Wenders sobre o Papa Francisco

Ainda procura ver os rostos, nada pessoal, ele ainda busca enxergar todos em sua individuação, a captura do anonimato é a imagem oca, ele busca ver os olhos dos anônimos.

As imagens confundem o centro, rasga os lados, alarga os braços, entorna o vinho sobre o mundo,
Ele procura os olhos, ausculta o som do mundo,

Ele vigia os sentidos, vê a face do desconhecido, os olhos na multidão é como o tempo que não tem dimensão única, interminável aos olhos a imagem-tempo.

Ele ainda vê tudo como observador privilegiado, o mundo não muda, mãos que matam mudam.
Ele busca o movimento da humanidade, a contínua ida ao desconhecido do Ser, procura o olhar que retorna em sua finitude.

Ele é o observador do que se esgota, do tempo que permanece movente, percebe o transmutar e o que permanece intacto.

O movimento é como a música no filme, um travelling que no silêncio faz a imagem ser os olhos dele,

Ele permanece a olhar o tempo dos olhos esquecidos, dos que creem e os que vivem a pensar nas possibilidades de vida.

Os olhos dele é o signo, que na cena entranha o desconhecido, a imagem-movimento que se dispersa na multidão no momento certo em que o silêncio solapa em meio aos olhos presos na linha do tempo que desfia a ilusão da permanência.

*Prof. Dr. Luis Antonio Gomes
Filósofo. Editor. Escritor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS

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