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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) a poesia, se é alguma coisa, é revelação da 'essencial heterogeneidade do ser', erotismo, outridade (...)" "Valéry comparou a prosa com a caminhada e a poesia com a dança (...) a prosa é um desfile, uma verdadeira teoria de ideias ou fatos. A figura geométrica que simboliza a prosa é a linha: reta, sinuosa, espiral, ziguezagueante, mas sempre para a frente e com uma meta precisa. Daí que os arquétipos da prosa sejam o discurso e o relato, a especulação e a história. O poema, pelo contrário, se oferece como um círculo ou uma esfera: algo que se fecha sobre si mesmo, universo autossuficiente cujo final é também um princípio que volta, se repete e se recria" "Sim, a linguagem é poesia e cada palavra esconde certa carga metafórica disposta a explodir no momento em que se toque na mola secreta, mas a força criadora da palavra reside no homem que a pronuncia" "Nos lábios de crianças, loucos, sábios, cretinos, apaixonados ou s

A Diferença, o Outro*

O contraste entre o livro e o homem, entre o que é preconcebido e o que é dado pela natureza, entre a tangibilidade do livro e a incompreensibilidade do ser humano [...]                                                                        Elias Canetti Eu não escrevo para leitores, escrevo porque leio o escrito do Outro. Ler o necessário é alimento, também, ler o que se consome na interpretação e o que se perde simplesmente no consumo diário. O cotidiano mata o leitor com tantos tiros possíveis que nem o mais sagaz testemunha consegue vivenciar essa perda sem se tornar agressivo. A agressividade remete-me à leitura. Ler é ouvir a linguagem em sua simplicidade de signos. Não existe contradição neste pensamento. Não existe negação ao leitor, apenas decepção. Caso tenha sido a leitura perdida pelo lado mais significativo, a linguagem que não encontra espaço, este é um problema interno da ordem do esquecimento: o texto morrerá na última linha. Pouco importa. Existe um c

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) este mundo que não sou eu, e ao qual me apego tão intensamente como a mim mesmo, não passa, em certo sentido, do prolongamento de meu corpo; tenho razões para dizer que eu sou o mundo" "(...) a este saber que eu sou, o mundo não pode apresentar-se a não ser oferecendo-lhe um sentido, a não ser sob a forma de pensamento do mundo. O segredo do mundo que procuramos é preciso, necessariamente, que esteja contido em meu contato com ele. De tudo o que vivo, enquanto o vivo, tenho diante de mim o sentido, sem o que não o viveria e não posso procurar nenhuma luz concernente ao mundo a não ser interrogando, explicando minha frequentação do mundo, com preendendo-a de dentro" "(...) De sorte que o vidente, estando preso no que vê, continua a ver-se a si mesmo: há um narcisismo fundamental de toda visão" "A abertura para o mundo supõe que o mundo seja e permaneça horizonte, não porque minha visão o faça recuar além dela mesma, mas porque,

Mandar embora ou deixar ir*

Para muitas relações, o fim é inevitável. Existem encontros com prazo de validade – combinado ou não. Funcionaram para um verão, para um projeto, para um momento da vida. É o cliente que rompeu o contrato, um amigo na infância que mudou de cidade ou colégio, uma paixão arrebatadora que não deve evoluir, um amigo que se isolou... Como lidar com esta fase de necessária despedida, se o coração ainda pulsa e deseja a conexão? Há quem prefira cortes bruscos, ancorados na razão. São pessoas que aprenderam ao longo de suas vidas que dói menos “mandar embora”. Ao menor sinal de que é chegada a hora de se afastar, disparam um comando interno, se posicionam radicalmente, deixam de fazer contato e prejudicam qualquer aproximação - com a situação, com os sentimentos, com lembranças e até mesmo com as pessoas envolvidas ou que possam reavivar a experiência daquele encontro. Há até quem crie em suas mentes quadros negativos, para facilitar o afastamento: “nem era tão bom”, “não vai fazer fal

Comunicado oficial

Bom dia!  Devido a censura, exclusão, bloqueio de várias publicações do prof. Hélio Strassburger, nas páginas da Casa da Filosofia Clínica, e em seu espaço pessoal, de parte do facebook, na noite de ontem, resolvemos denunciar essa violência! Os textos filosóficos tratam de questões de natureza filosófico-clínica, publicados em páginas com integrantes, amigos, colegas, profissionais, simpatizantes dos nossos espaços. Infelizmente, é relativamente fácil denunciar e bloquear (anonimamente) contas no facebook, inclusive sem direito de defesa do principal interessado, ou seja, o autor/autora dos escritos. Assim, viemos compartilhar publicamente, nossa inconformidade com tal violência! De uma obra em um de seus textos - Discursos de transgressão -, o qual consta na íntegra, logo abaixo, nessa página.  Interessante notar o quanto estamos vulneráveis ao controle e direcionamento de informações pelas chamadas ' redes sociais ', as quais são monitoradas ideolo

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"É difícil aprender o que é um filósofo, porque isso não se pode ensinar" "(...) tudo o que ergue o indivíduo acima do rebanho infunde temor ao próximo é doravante apelidado de mau ; a mentalidade modesta, equânime, submissa, igualitária, a mediocridade dos desejos obtêm fama e honra morais" "Não existem fenômenos morais, apenas uma interpretação moral dos fenômenos" "É preciso livrar-se do mau gosto de querer estar de acordo com muitos" "(...) as grandes coisas ficam para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e os tremores para os sutis e, em resumo, as coisas raras para os raros" "É inevitável e justo que nossas mais altas intuições pareçam bobagens, em algumas circunstâncias delitos, quando chegam indevidamente aos ouvidos daqueles que não são feitos e predestinados para elas"  "Todo homem seleto procura instintivamente seu castelo e seu retiro, onde esteja salvo do grande

Travessa de bytes*

Tudo fica no inicio razoes elementares são liçoês nesta travessa de bytes onde navega o sosego são augas passadas não muito distantes nos ontes do silêncio. Tudo esta calmo nas asas do vento a chuva ouve o meu canto paro de remover o pranto onde durme o pesadelo Eu gostaría de ser uma folha de grama que me leve a um centro qualquer do multiverso. Onde   única rede seja a palabra a lingua das borboletas mentras o coração corre livre até encontrar o misterioso azul morrendo no abrigo de mil sóis. II Olha para mim não me vês? são a sombra que luta pela visão da vida sem olhos, detenho o meu olhar sem maus, percorro as fibras do seu ser.   Mas tudo é muito distante esvaziar-me no espaço ser um simples conteúdo consumido, esquecido em cada dia que passa, de pressa.   Voltei à materia ao corpus que desenhei que me faz mortalmente vivo quando as regras do código esquecem o algoritmo. *Profa Dra Arantx

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Em muitos casos psiquiátricos, o doente tem uma história que não é contada e que, em geral, ninguém conhece. Para mim, a verdadeira terapia só começa depois de examinada a história pessoal" "Percebi que é inútil falar aos outros sobre coisas que não sabem. Quem não compreende a injúria que inflige a seus semelhantes falando de coisas que ignoram é um ingênuo. Perdoa-se um tal descuido só ao prosador, ao jornalista, ao poeta. Compreendi que uma ideia nova, isto é, um aspecto inusitado das coisas só se afirma pelos fatos. os fatos abandonados nem por isso desaparecem; um belo dia ressurgem, revelados por alguém que compreende seu significado" "As leituras filosóficas haviam-me ensinado que no fundo de tudo havia a realidade da psique. Sem a alma, não havia saber nem conhecimento profundo" "(...) Cada caso exige uma terapia diferente. Quando um médico me diz que 'obedece' estritamente a este ou àquele 'método', duvido de

Discursos de transgressão*

                                               “Nascer com o mundo sem passar pelas palavras, eis efetivamente o que parece estar em jogo em todas as práticas tribais e em seus excessos”                                                             Michel Maffesoli A pluralidade subjetiva internada em uma só pessoa aprecia o caos para ensaiar releituras existenciais. Mesmo quando inadequado à estrutura dos vislumbres, segue a desvendar instantes em busca de algo para chamar de seu. Os paradoxos de transgressão apreciam a desleitura dos contextos que vão surgindo. Interrogar contraditório de longo alcance na interseção com a família e amigos. A distorção pode fazer transbordar, na superação dos medos e inseguranças um convívio novo com sua tribo. Ao desmerecer as regras do jogo cultural onde se encontra, atrai para si não apenas desconforto e críticas, mas reações de contrariedade e incompreensão. Em meio a isso tudo, a pessoa busca algum ponto de apoio para entender os

Lua adversa*

Tenho fases, como a lua Fases de andar escondida, fases de vir para a rua… Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha. Fases que vão e que vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. E roda a melancolia seu interminável fuso! Não me encontro com ninguém (tenho fases, como a lua…) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua… E, quando chega esse dia, o outro desapareceu… *Cecília Meireles

Reflexões e considerações filosóficas*

Amigos, o novo ministro da Educação diz querer acabar com o "marxismo" no sistema educacional brasileiro. Mas a educação brasileira segue um projeto marxista? Quando ouço alguém falar sobre o "marxismo" na nossa educação, invariavelmente aparece a referência a Paulo Freire. Ora, é duvidoso que o "método Paulo Freire" de alfabetização (que, essencialmente, propõe aproximar o aprendizado das letras às circunstâncias do aluno) seja particularmente marxista - ele serve perfeitamente também para a "educação para o trabalho", que de Marx não tem nada. E a denúncia paulofreiriana presente na "Pedagogia do Oprimido" (1968) contra a "educação bancária", que conduz o aluno ao hábito de desejar a opressão, é, antes de "esquerdista", libertária: não somente os marxistas, mas também os liberais clássicos (aqueles mais interessados nas liberdades políticas do que no dinheiro) e os anarquistas concordariam plena

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O silêncio é o espaço onde as palavras nascem e começam a se mover" "Palavras de ordem não toleram as brumas, pois é lá que moram os sonhos. Luminosidade total para tornar impossível sonhar. Pois os sonhos são testemunhos de que a alma se recusa a se tornar um pássaro engaiolado" "Os olhos que só vêem o visível não podem ver as ausências que moram ali" "Que somos nós sem o socorro daquilo que não existe ?" "Vocês sabiam que as imagens têm o poder de possuir aqueles que as vêem ? Riobaldo, o herói de Grande sertão: veredas, diz que leva apenas um minuto para transformar um medroso num valentão. Basta pedir que ele faça cara de corajoso e malvado, justo neste instante, mostrar a ele sua cara refletida no espelho (...)" "(...) Tinha de ser uma palavra mágica, pois ela tinha de ter o poder de trazer à existência aquilo que não existia" "Os poetas têm estado repetindo isso o tempo todo. Não é de e

Ler e escrever como terapia*

Os caminhos para se chegar a uma melhor condição de bem-estar subjetivo são tão diversos quantos são os indivíduos. Para alguns, conversar semanalmente com o terapeuta é o melhor dos caminhos. Para outros, a alma sorri mesmo é com uma boa conversa jogada fora junto daqueles amigos sinceros que dizem coisas bonitas com a mesma naturalidade com que convidam a refletir sobre as falhas e fissuras no seu jeito de ser e existir. Tão bem faz, igualmente, para algumas pessoas, a prática da fé e da espiritualidade, ou da solidão momentânea, para ficar de encontro com seus próprios pensamentos, com seus próprios sentimentos. A lista é infindável: brincar com os netinhos, tomar chimarrão na praça, paquerar ao pôr do sol, cozinhar para o amor da sua vida, cuidar de plantas e jardins... Tudo isso faz bem, gera prazer e satisfação em viver, para muitas pessoas. Para um sem número de sujeitos, porém, existe um método que historicamente se estabeleceu como charmoso para retratar das dores e al

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