Pular para o conteúdo principal

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) a poesia, se é alguma coisa, é revelação da 'essencial heterogeneidade do ser', erotismo, outridade (...)"

"Valéry comparou a prosa com a caminhada e a poesia com a dança (...) a prosa é um desfile, uma verdadeira teoria de ideias ou fatos. A figura geométrica que simboliza a prosa é a linha: reta, sinuosa, espiral, ziguezagueante, mas sempre para a frente e com uma meta precisa. Daí que os arquétipos da prosa sejam o discurso e o relato, a especulação e a história. O poema, pelo contrário, se oferece como um círculo ou uma esfera: algo que se fecha sobre si mesmo, universo autossuficiente cujo final é também um princípio que volta, se repete e se recria"

"Sim, a linguagem é poesia e cada palavra esconde certa carga metafórica disposta a explodir no momento em que se toque na mola secreta, mas a força criadora da palavra reside no homem que a pronuncia"

"Nos lábios de crianças, loucos, sábios, cretinos, apaixonados ou solitários brotam imagens, jogos de palavras, expressões surgidas do nada. Por um instante, brilham ou relampejam. Depois se apagam. Feitas de matéria inflamável, as palavras ardem no instante em que são tocadas pela imaginação ou pela fantasia"

"(...) as palavras são rebeldes à definição"

"Cada leitor procura alguma coisa no poema. E não é nada estranho que a encontre: já a tinha dentro de si"

"Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior"

"Estamos condenados a buscar a razão da desrazão"

"O homem é o inacabado, embora seja cabal nessa inconclusão; e por isso faz poemas, imagens, nas quais se realiza e se conclui sem nunca concluir totalmente"

*Octávio Paz in "O arco e a lira". Ed. Cosac Naify. SP. 2012. 

Comentários

Visitas