“[...] em virar a
cabeça para ver as trilhas que foram percorridas; é um produto da reflexidade.”
Paul Veyne
Como já dizia o
pensamento:
O dia nublado fecha os
olhos dos que não sonham.
O dia abre a mente dos
sonhadores.
Entregue ao tempo a
recusa do medo atroz,
e o desejo desfaz a
solidão do medo arrebatador.
O dizer nas águas que
bate forte, o sopro do dia,
o vento que destrói a
longa jornada do tempo.
Depois de tudo, o corpo
em frente ao rio sem fim,
tal qual guerreiro no
despertar da vida, mesmo sabendo da morte, enfrenta a escuridão do ódio contra
o que se refugia no pátio abandonado dos tempos sombrios.
O corpo se mantém lá.
Parado. O pensamento a voar, dor e o frio tocam a música da infância abandonada
no rio de águas pesadas.
O corpo retesado, na
vertical da vida, os braços em movimentos, frágeis e decididos.
A dor é o devaneio que
toma conta de todos esses anos que aos poucos desfalecerá na idade.
Logo o pensar: eleva
tudo e todo pensamento à deriva.
O corpo é uma legião de
ideias,
Os caminhos do rio na
infância são difíceis,
Cruzar a ponte,
engolfado, levado pela correnteza.
Viver todas as idades a
partir da viagem primeira.
Abaixo das águas
quentes jogadas da usina,
Lá está o menino salvo.
Uma grande façanha, sua
primeira aventura.
Atravessou de margem à
margem em braceadas de uma vida.
*Prof. Dr. Luis Antonio
Gomes
Filósofo. Editor.
Escritor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
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