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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"A rua continua, matando substantivos, transformando a significação dos termos, impondo aos dicionários as palavras que inventa, criando o calão que é o patrimônio clássico dos léxicos futuros"

"Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes - a arte de flanar"

"(...) Eu fui um pouco esse tipo complexo, e, talvez, por isso, cada rua é para mim um ser vivo e imóvel"

"Balzac dizia que as ruas de Paris nos dão impressões humanas. São assim as ruas de todas as cidades, com vida e destinos iguais aos do homem"

"(...) são ruas da proximidade do mar, ruas viajadas, com a visão de outros horizontes"

"Se as ruas são entes vivos, as ruas pensam, têm ideias, filosofia e religião. Há ruas inteiramente católicas, ruas protestantes, ruas livres-pensadoras e até ruas sem religião"

"Mas, a quem não fará sonhar a rua ? A sua influência é fatal na palheta dos pintores, na alma dos poetas, no cérebro das multidões"

"A Musa das ruas é a musa que viceja nos becos e rebenta nas praças, entre o barulho da populaça e a ânsia de todas as nevroses, é a Musa igualitária, a Musa-povo, que desfaz os fatos mais graves em lundus e cançonetas, é a única sem pretensões porque se renova como a própria Vida"

*João do Rio in "A alma encantadora das ruas". Cia de Bolso. SP. 2009.

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