"A resenha literária está para a ficção e a poesia assim como velejar perto da praia está para navegar em alto-mar. Em mar aberto, temos toda aquela magnífica amplidão vazia a nossa volta, os ventos frios e radiantes, e a emoção de um vislumbre ocasional do dorso de um golfinho ou dos saltos sincronizados de peixes prateados; navegando junto à costa, sempre é possível virar de bordo e singrar ainda mais perto da terra firme com a inclusão de outra citação em corpo nove"
"(...) A cada momento, um velho mundo está ruindo e um novo surgindo, mas nossos olhos são mais aguçados para o colapso do que para a ascensão, pois o mundo antigo é o mundo que conhecemos"
"(...) Todavia, o que é realidade ? Não sentimos materialidade em nós mesmos, e a própria matéria é efêmera"
"(...) Melville é um homem racional que quer que Deus exista. Quer que Ele exista pelos mesmos motivos que todos nós queremos: para nos resgatar e nos valorizar, para ser nosso confidente em momentos de crise e para nos assegurar que, transpondo o horizonte da nossa morte, haveremos de sobreviver"
"Talvez sejamos hoje mais tolerantes com a estranheza e as evasivas que tornaram seus versos abomináveis para os críticos da época (...) nem mesmo o mais entusiasmado e solidário leitor de Melville pode hoje deixar de impressionar-se com uma sensação de esforço deliberado e obstinado que os poemas deixam atrás de si, com um efeito de murmúrio totalmente distinto do jorro gutural de sua prosa"
"(...) escreveu ao autor mais velho relatando o seu próprio desenvolvimento rápido e cheio de fúria: 'Até os 25 anos, eu nada me desenvolvi. É do meu 25. aniversário que começo a contar minha vida. Raras vezes passaram-se três semanas, em qualquer época entre então & agora, que eu não tivesse desabrochado em mim mesmo"
"(...) o vocabulário, inteligível à maioria de seus compatriotas, em que ele (Whitman) expressa sua mensagem - a saber, o múltiplo, majestoso e todavia unificado milagre de sermos quem nós somos"
*John Updike in "Bem perto da costa - Ensaios e crítica". Ed. Cia das Letras. SP. 1991.
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