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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Não há nada tão enganador, e por isso mesmo tão atraente, quanto uma superfície calma"

"(...) em trabalhos ficcionais, uma imaginação demasiado fértil se liberta do autor, e literalmente voando o conduz a regiões de beleza inexprimível que suas faculdades mal podem apreender, que ofusca seus sentidos e desafia toda descrição; suas composições serão sem dúvida alguma belas, mas de uma beleza obscura e fantástica de autor visionário"

"(...) na história das palavras há muitos traços da história dos homens, e ao compararmos o modo de falar de hoje com o de anos atrás, poderemos observar a força de influências externas sobre as palavras de uma raça"

"(...) o estudo da língua desses autores também é útil, não apenas porque aumenta a nossa erudição e nos dá maior riqueza de ideias, mas também porque eleva o nosso vocabulário e, paulatinamente, torna-nos mais aptos para compartilhar da delicadeza ou da força do seu estilo"

"As obras de outros autores, não foram escritas para sobrecarregar as estantes de uma biblioteca, mas porque elas estão repletas de ideias. Ante uma expressão casual de Ibsen, a mente é espicaçada por alguma questão, e, num instante, as comportas de vida se abrem em imensas perspectivas, porém, essa visão será momentânea, se não pararmos para ponderá-la"

"(...) é tolice esperar encontrar tranquilamente, numa primeira ou segunda leitura, a solução de um problema do qual Ibsen se ocupou por cerca de três anos"

"(...) Mangan permaneceu um estranho em seu país, uma figura rara e antipática nas ruas, pelas quais ia avançando solitariamente como alguém que expia pecados antigos"

"Mangan, entretanto, não deixou de ter consolos, pois seus sofrimentos o levaram a refugiar-se em seu próprio interior, como ao longo dos séculos fizeram os infelizes e os sábios"

"(...) atinge uma destreza que nenhuma escola ensina, já que obedece ao comando interior (...)"

"A poesia, mesmo sob seus aspectos mais fantásticos, é sempre uma revolta contra o artifício, uma revolta, em certo sentido, contra a realidade. Ela fala do que parece fantástico e irreal àqueles que perderam as intuições mais elementares, que são normas de julgamento da realidade (...) como sempre se encontra em guerra com seu próprio tempo (...)"

*James Joyce in "De santos e sábios". Organização: Sérgio Medeiros e Dirce Waltrick do Amarante. Ed. Iluminuras. SP. 2012.     

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