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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"A loucura é a revolução permanente na vida de uma pessoa"

"No discurso louco e poético, é precisamente o indizível e o inefável que deve ser expresso"

"É claro que a loucura é sempre imediatamente política, embora isso ainda não seja evidente para todos"

"(...) A diferença entre o homem são e o homem louco que se torna um esquizofrênico hospitalizado reside simplesmente em que o primeiro conserva suficientes estratégias para evitar, e apenas evitar, as armadilhas da invalidação no mundo normal"

"(...) Ora, no caso do esquizofrênico-em-processo ele pode rir, sorrir ou chorar com o absurdo do tipo de comunicação estreito, empobrecido, incompreensivo que é o único possível entre ele e os pais e os médicos (clinicamente, isto seria considerado incoerência de afeto). (...) pareceria imperativo que o psiquiatra se destreinasse, desnormalizasse a sua consciência médica o suficiente para participar neste discurso - o que implica o seu suicídio como psiquiatra"

"Razão e desrazão são ambas maneiras de conhecer. A loucura é uma maneira de conhecer, outro modo de exploração empírica dos mundos tanto 'interior' como 'exterior'. A razão para a exclusão e invalidação da loucura não é puramente médica, nem estritamente social. É, como tentarei demonstrar, política"

"A loucura está latente em cada um de nós como a possibilidade de uma desestruturação quase total das estruturas normais de existência com vista a uma reestruturação de uma forma de existência menos alienada num novo espaço pessoal; desintegração-reintegração, morte-renascimento"

"O futuro da loucura é o seu fim, a sua transformação numa criatividade universal que é o lugar perdido donde veio em primeiro lugar"

"A não-existência da psiquiatria só será alcançada numa sociedade transformada, mas é vital iniciar agora o trabalho de des-psiquiatrização"

"A violência da psiquiatria só pode ser compreendida com base no seu dogma fundamental: se não compreende o que outro ser humano está a fazer, 'diagnostique-o!'. Nunca deixará de encontrar vítimas coniventes que farão o jogo. Mas começamos agora a cansar-nos desse jogo"

*David G. Cooper (1931 - 1986) foi um psiquiatra sul-africano, notável teórico e líder do movimento anti-psiquiatria, ao lado de R. D. Laing, Thomas Szasz e Michel Foucault. In "A linguagem da loucura". Ed. Martins Fontes. 1978.  

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