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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"A palavra poética jamais é completamente deste mundo: sempre nos leva mais além, a outras terras, a outros céus, a outras verdades"

"(...) o poema é linguagem - e linguagem antes de ser submetida à mutilação da prosa ou da conversação -, mas é também mais alguma coisa. E esse algo mais é inexplicável pela linguagem, embora só possa ser alcançado poe ela. Nascido da palavra, o poema desemboca em algo que a transpassa"

"O poema nos faz recordar o que esquecemos: o que somos realmente"

"(...) o sentido não só é o fundamento da linguagem como também de toda apreensão da realidade. Nossa experiência da pluralidade e da ambiguidade do real parece que se redime no sentido"  

"Toda revolução é a consagração de um sacrilégio, que se converte em um novo princípio sagrado"

"Condenado a viver no subsolo da história, a solidão define o poeta moderno. Embora nenhum decreto o obrigue a deixar sua terra, é um desterrado"

"O mexicano não quer ser nem índio, nem espanhol. Tampouco quer descender deles. Nega-os. E não se anima em sua condição de mestiço, mas só como abstração: é um homem. Torna-se filho do nada. Começa em si mesmo."

"(...) O mexicano, como todos os homens, ao servir-se das circunstâncias converte-as em matéria plástica e com elas se funde. Ao esculpi-las, esculpe-se a si mesmo"

"(...) cada coisa está submersa em sua própria realidade. Se Caeiro fala é porque o homem é um animal de palavras, como o pássaro é um animal alado. O homem fala como o rio corre ou a chuva cai. O poeta inocente não precisa nomear as coisas; suas palavras são árvores, nuvens, aranhas, lagartixas. Não essas aranhas que vejo, mas essas que digo. Caeiro espanta-se com a ideia de que a realidade é inacessível: aí está ela, frente a nós, basta tocá-la. Basta falar."

"Para provocar dentro do discípulo o estado propício à iluminação, os mestres recorrem aos paradoxos, ao absurdo, ao contra-senso e, e, suma, a todas aquelas formas que tendem a destruir nossa lógica e a perspectiva normal e limitada das coisas. Mas a destruição da lógica não tem por objeto remeter-nos ao caos e ao absurdo e sim, através da experiência do sem sentido, descobrir um novo sentido"

*Octavio Paz in "Signos em rotação". Ed. Perspectiva. SP. 2009.

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