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Diagnóstico*

Se você às vezes se sente impotente para alcançar o que deseja, incapaz de seguir os seus sonhos, infeliz num mundo em que a felicidade é obrigatória; 

Se você às vezes olha para o lado e vê tanta gente mais inteligente, tanta gente com mais sucesso, tanta gente mais bonita, interessante e divertida do que você;

Se você às vezes duvida da sua própria história, não tem certeza de quase nada, pensa que é a pessoa mais estranha do mundo;

Se você às vezes tem tiques, manias, maluquices, e alimenta hobbies inúteis, paixões, vícios;

Se você às vezes faz tudo ao contrário, e age impulsivamente quando deveria ter calma, e nada faz quando a regra é agir;

Se você às vezes alterna momentos de alegria com momentos de dor: num dia tudo está lindo como numa comédia romântica de Hollywood, no outro você chora de repente sem nem saber o porquê;

Se você às vezes escuta vozes discordantes na sua cabeça, tem afetos divergentes no seu coração, tem desejos contraditórios no seu corpo;

Se você às vezes sente a Angústia, a grande Ausência dentro do peito, o enorme Vazio, faminto e insaciável, que grita em silêncio nas madrugadas;

Se às vezes a dor de existir é tamanha que parece impossível agüentar,

Então a sua doença é estar vivo.

* * *

Esta é a condição humana. Todas as pessoas que você conhece - os belos, os ricos, os cultos, os bem-amados - às vezes também se sentem assim.

* * *

E é preciso continuar a caminhada.


*Prof. Dr. Gustavo Bertoche

Filósofo. Educador. Escritor. Musicista. Filósofo Clínico.

Teresópolis/RJ

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