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Notas sobre a Filosofia Clínica*

A Filosofia Clínica é um método terapêutico filosófico que tem como pressuposto a noção de que cada pessoa possui uma representação de mundo. Derivando de noções de Protágoras para o qual “o homem é a medida de todas as coisas”, atualizado em Schopenhauer que ensina que “o mundo é minha representação”, Lúcio Packter percebeu que cada pessoa representava o mundo a partir de seu contexto, historicidade e os elementos que a constitui estruturalmente. O filósofo clínico é aquele que busca aproximar-se ao máximo da representação de seu partilhante. Isso ocorre por aproximação e não por exatidão. 

Os Exames Categoriais fazem parte do método da Filosofia Clínica. Os pensadores que inspiraram a estruturação desse procedimento foram Aristóteles e Kant. As categorias do Estagirita serviam para compreender as coisas. Já o autor da Crítica da Razão Pura, intentava compreender as estruturas a priori do entendimento. A Filosofia Clínica possui cinco categorias que servem para compreender as duas instâncias. Por meio das categorias Assunto Imediato e Último, Circunstância, Lugar, Tempo e Relação, o filósofo clínico busca contextualizar a pessoa. Em outras palavras, os Exames Categoriais contextualizam interna e externamente a história de vida da pessoa para melhor compreendê-la. 

A Estrutura de Pensamento (EP) é a segunda parte do método da Filosofia Clínica. Constituída de 30 Tópicos, a EP é um modo de compreender quem é, ou melhor, está sendo a pessoa que procura o filósofo clínico: Emoções, Pré-Juízos, O Que Acha de Si Mesmo, Axiologia, Buscas etc. Esses Tópicos não são considerados isoladamente. Tratando-se de uma compreensão estrutural, a relação de cada um desses elementos Tópicos consigo mesmos e com os outros são importantes para compreendermos cada pessoa. Além disso, eles não são conteúdos propriamente ditos. Na verdade, são formas “vazias” a serem preenchidas pelas informações do partilhante. 

Os Submodos são meios utilizados pela pessoa para viabilizar sua Estrutura de Pensamento (EP). Pensemos, por exemplo, um jovem que, ao se apaixonar por uma moça, vai ao encontro dela e lhe dá flores. O apaixonar-se é um elemento contido em um (ou mais) Tópico de sua EP. Dar flores é o meio de expressar esse sentimento, ou seja, um Submodo. Há infindáveis maneiras de utilizar os Submodos em Filosofia Clínica. Entre elas, viabilizar um Tópico (Emoções, Buscas, Epistemologia, Significado etc.) ou trabalhar um conflito intra e entre Tópicos. Na terapia, os Submodos fazem parte dos procedimentos clínicos. 

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo

Filósofo. Filósofo Clínico. Prof. Titular de Filosofia Clínica na Casa da Filosofia Clínica. Escritor. Livre Pensador. 

Teresópolis/RJ

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