A ideia de que é
possível ter uma visão neutra e objetiva da realidade parece-me ilusória. Há
sempre quem observa, quem descreve, quem pensa essa realidade. Inclusive,
conhecê-la já é um ato realizado por um alguém. Um alguém delimitado físico,
psicológico, cultural e historicamente. Mesmo a descrição mais "neutra e
objetiva" possível dessa realidade requer quem a interprete. Aliás, a
própria descrição já é algo pretendido por um quem, por alguém. Pois a
realidade em si simplesmente é. A partir do momento em que ela é contemplada,
experienciada ou investigada, passa a ser uma realidade para ou a partir de
quem realiza essa apreciação.
(...)
Se para compreender
Heidegger, eu precisasse ler todas as principais obras que o influenciaram ou
das quais ele tirou seus pressupostos, teria que viver em função de seguir os
passos bibliográficos dele. O mesmo vale para os principais filósofos da história.
Os filósofos criticaram as obras de seus pares a partir do que produziram e não
de suas fontes de pesquisa. É claro que conhecer suas principais fontes ajuda a
clarear a formação de suas ideias, bem como ter acesso ao maior número possível
das obras produzidas pelo filósofo estudado é um grande auxílio. Porém, se uma
obra não for capaz de dar as razões que fundamentam as teses que apresenta, não
é uma boa obra.
*Prof. Dr. Miguel
Angelo Caruzo
Filósofo. Escritor.
Filósofo Clínico. Livre Pensador.
Teresópolis/RJ
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