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Anotações e reflexões*



Nestes anos de paternidade, tenho visto conselhos e recomendações de muita gente sobre como devemos criar os nossos filhos.

Livros, psicólogos, coaches com métodos prontos e infalíveis para tudo: para fazer das crianças futuros milionários, para desenvolver a sua criatividade, para ensiná-las a estudar melhor, para acostumá-las a dormir sozinhas...

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Meu coração se entristece quando descubro que pessoas queridas usam essas coisas com seus filhos. Elas não percebem que cada criança é diferente? Que aquilo que é remédio para uma pode ser veneno para outra?

Não, a vida não tem receita. Não existe uma fórmula mágica capaz de transformar os nossos filhos naquilo que sonhamos. Eles não são nossos projetos pessoais, prontos para ser desenvolvidos na direção de um ideal que preconcebemos. Pelo contrário: eles terão, eles já têm, os seus projetos próprios, talvez muito diferentes dos que imaginamos.

A vida não tem fórmula. Não existe um gabarito com as soluções corretas dos desafios que os nossos filhos vão enfrentar. Livros, psicólogos, religião: nenhum deles pode nos indicar o melhor caminho quando a vida nos exige, num repente, uma resposta difícil - às vezes, uma resposta tão difícil que se torna impossível.

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O que a vida nos oferece é muito mais rico, é muito mais bonito e emocionante: a vida nos oferece uma viagem com quem mais amamos por caminhos que ninguém jamais trilhou antes, porque são construídos a cada passo.

A ausência de receita é justamente o que faz da vida criação: viver é criar, pais e filhos juntos, a cada momento, a própria estrada da vida na sempre inédita aventura da existência.

*Prof. Dr. Gustavo Bertoche
Filósofo. Escritor. Musicista. Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ

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