Nestes anos de
paternidade, tenho visto conselhos e recomendações de muita gente sobre como
devemos criar os nossos filhos.
Livros, psicólogos,
coaches com métodos prontos e infalíveis para tudo: para fazer das crianças
futuros milionários, para desenvolver a sua criatividade, para ensiná-las a
estudar melhor, para acostumá-las a dormir sozinhas...
* * *
Meu coração se entristece
quando descubro que pessoas queridas usam essas coisas com seus filhos. Elas
não percebem que cada criança é diferente? Que aquilo que é remédio para uma
pode ser veneno para outra?
Não, a vida não tem
receita. Não existe uma fórmula mágica capaz de transformar os nossos filhos
naquilo que sonhamos. Eles não são nossos projetos pessoais, prontos para ser
desenvolvidos na direção de um ideal que preconcebemos. Pelo contrário: eles
terão, eles já têm, os seus projetos próprios, talvez muito diferentes dos que
imaginamos.
A vida não tem fórmula.
Não existe um gabarito com as soluções corretas dos desafios que os nossos
filhos vão enfrentar. Livros, psicólogos, religião: nenhum deles pode nos
indicar o melhor caminho quando a vida nos exige, num repente, uma resposta
difícil - às vezes, uma resposta tão difícil que se torna impossível.
* * *
O que a vida nos
oferece é muito mais rico, é muito mais bonito e emocionante: a vida nos
oferece uma viagem com quem mais amamos por caminhos que ninguém jamais trilhou
antes, porque são construídos a cada passo.
A ausência de receita é
justamente o que faz da vida criação: viver é criar, pais e filhos juntos, a
cada momento, a própria estrada da vida na sempre inédita aventura da
existência.
*Prof. Dr. Gustavo
Bertoche
Filósofo. Escritor.
Musicista. Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ
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