Pular para o conteúdo principal

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*



"(...) Não só sustentava que somos feitos da mesma matéria dos sonhos; também acreditava verdadeiramente que vivemos todos num mundo de sonhos. O acaso levava-o a residir em modestos quartos, sem janela ou com janela que dava para estreito pátio interno (...)"

"(...) A irmã de Borges era então moça encantadora (...) Vivia em mundo próprio, onde o irmão desempenhava o papel principal. Mundo poético e maravilhoso, em que perambulavam os dois (...)"

"Muitos anos depois de Borges ter deixado a biblioteca e nela parte da própria alma, perguntei-lhe se não a visitava em sonhos. 'Em qualquer lugar do mundo em que esteja', respondeu, 'sonho com a Biblioteca (...). E inexplicavelmente, como costuma ocorrer nos sonhos, a Biblioteca é infinita e me pertence"

"Borges deu uma conferencia em março de 1977, (...) longo labirinto tranquilo de ruas arborizadas, de grades e de sítios; labirinto de vastas noites quietas, o qual meus pais gostavam de percorrer. (...) De algum modo sempre estive aqui, sempre estou aqui. Os lugares levam-se, os lugares estão em nós"

"Em 'A biblioteca de Babel' estão presentes dois autores muito caros a Borges: Gustav Meyrink e Kafka; ambos se regozijam em manipular absurdos"

"(...) Borges, que se obstinou em buscar as memórias primeiras, conquanto, em verdade, a depressiva 'imemória' paterna o tivesse instalado para sempre num mundo em que a realidade e a ficção não se distinguem; mundo de dupla participação e interação do real e do irreal" 

"(...) onde o poeta volta a uma constante em sua poesia e em sua prosa: o mundo real é ilusório; o verdadeiro é o outro, o dos sonhos, o que aparece nos espelhos (...)"

*María Esther Vásquez in "Jorge Luis Borges - Esplendor e derrota - Uma biografia". Ed. Record. RJ. 1999.

Comentários

Visitas