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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) Samuel foi, mais que qualquer outro, o homem das grandes obras malogradas; - criatura doentia e fantástica, cuja poesia brilha muito mais em sua própria pessoa que em suas obras"

"Uma das mais naturais esquisitices de Samuel era considerar-se como o par daqueles que admirava; depois da leitura apaixonada de um belo livro, sua conclusão involuntária era: eis aí algo suficientemente belo para ser meu! - e daí a pensar: é realmente meu"

"Era, ao mesmo tempo, todos os artistas que havia estudado e todos os livros que lera, e, no entanto, apesar dessa faculdade de ator, permanecia profundamente original"

"Possuía a lógica de todos os bons sentimentos e a ciência de todas as velhacarias, e, apesar disso, nunca realizou nada, pois acreditava demasiadamente no impossível - Por que se espantar ? estava sempre a concebê-lo"

"(...) Do alto de sua solidão, atravancada de papeladas, forrada de livros e povoada de sonhos"

"Quanto mais delicado é um espírito, mais descobre belezas originais; quanto mais terna e aberta à divina esperança é uma alma, mais encontra em outrem, por mais decaído que ele seja, motivos de amor"

"(...) O homem de espírito vê longe na imensidão das possibilidades. O tolo nada vê de possível além daquilo que existe"

"Samuel era ousado como as borboletas, os besouros e os poetas; jogava-se em todas as chamas e entrava por todas as janelas (...) como acontece com os homens excepcionais, ficava ele frequentemente sozinho em seu paraíso, já que ninguém o podia habitar com ele" 

*Charles Baudelaire in "A Fanfarlô - Novelas Francesas". Ed. Cultrix. SP. 1963.

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