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Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*


"(...) A tradição é a muralha do passado que envolve o presente e que é preciso transpor para penetrar no futuro: porque a natureza não admite pausa no conhecimento (...) Sem cessar cria homens que o excesso de suas forças arrasta, como conquistadores, das margens conhecidas da alma para as zonas novas do coração e do espírito, através do sombrio oceano do desconhecido"

"(...) quase sempre, a característica do gênio, como encarnação da alma de uma tradição nova, é combater a do passado e declarar guerra à geração findante na sua qualidade de anunciador de uma raça nova. Um gênio e sua época são como que dois mundos que permutam entre si suas luzes e suas sombras"

"(...) Um estimulante extraordinário e o exemplo mais grandioso que possa encontrar uma vontade criadora em marcha para o inacessível"

"Balzac não deve ser julgado, segundo um dos seus livros tomado em particular, mas, de acordo com o conjunto, deve ser considerado como uma paisagem, com a sua montanha e o seu vale, seu horizonte ilimitado, suas quebradas traiçoeiras e suas rápidas torrentes (...) a concepção do romance como enciclopédia do mundo interior"

"Sem esses pioneiros, audaciosos, a humanidade seria a sua própria prisioneira e o seu desenvolvimento um labirinto. Sem esses anunciadores, pelos quais precede, de um certo modo, a si mesma, nenhuma geração acharia o seu caminho. Sem esses sonhadores a humanidade ignoraria o seu sentido profundo" 

"No mundo de Dostoiewsky ninguém é excluído definitivamente (...) Sabe que o homem de alma ardente que erra está mais perto do homem verdadeiro do que esses seres orgulhosos, corretos e frios, cujo coração está fixado na legalidade burguesa"

"(...) os personagens de Dostoiewsky não param em nenhum lugar, nem mesmo diante da felicidade. Querem continuar o seu caminho; tem essa espécie de alma superior (...) É-lhes indiferente serem felizes, estarem contentes. Não aspiram a nada que toda a humanidade quer (...) São homens de reinício (...) querem tudo, o bem e o mal, o que queima e o que gela, o que está longe e o que está perto; não tem medida; excedem os limites"

"(...) Sendo ele mesmo vulcânico, seus heróis são vulcânicos. Porque, em última análise, o homem procede sempre do Deus que o criou"

"Sua sedimentação ainda não foi feita. Seus traços ainda não foram adelgaçados. São eternamente inacabados e, por isso, duas vexes mais vivos porque o homem acabado forma um todo e Dostoiewsky tende para o infinito" 

"Dickens escolheu seus heróis, seus destinos, nas ruas estreitas dos subúrbios, por onde passaram com indiferença os outros poetas (...) procuravam o estranho, o singular, o extraordinário"

*Stefan Zweig in "Os construtores do mundo". Ed. Guanabara. RJ. 1946.

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