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Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais*


"(...) Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo (...)"

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. (...) Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo ?"

"Toda a literatura consiste num esforço para tornar a vida real. Como todos sabem, ainda quando agem sem saber, a vida é absolutamente irreal, na sua realidade direta (...) São intransmissíveis todas as impressões salvo se as tornarmos literárias"

"(...) Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstrata e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também"

"(...) Continuamente sinto que fui outro, que senti outro, que pensei outro. Aquilo que assisto é um espetáculo com outro cenário. E aquilo a que assisto sou eu. (...) Encontro `s vezes, na confusão vulgar das minhas gavetas literárias, papéis escritos por mim há dez anos, há quinze anos, há mais anos talvez.E muitos deles me parecem de um estranho; desconheço-me neles. Houve quem os escrevesse, e fui eu. Senti-os eu, mas foi como em outra vida, de que houvesse agora despertado como de um sono alheio"

"Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade sempre é mais ou menos do que nós queremos. Só nós somos sempre iguais a nós-próprios (...)"

"(...) Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável ?"

"(...) Mas se Deus é as flores e as árvores, e os montes e sol e o luar, então acredito nele, então acredito nele a toda hora, e a minha vida é toda uma oração e uma missa, e uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos"

"(...) Deus é o existirmos e isto não ser tudo"

"(...) Não sei quem me sonho"

"(...) Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram (não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos)"

*Fernando Pessoas in "Quando fui outro". Ed. Alfaguara. RJ. 2016. 

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