Caso não mais...
Recolha os destroços no
vão do tempo
num longo brado
Caso já há muito a
tarde evapore
das poças e hiatos de
pedra
a gramínea de zinco
acolhe uma rosa
e o tempo despenca do
azul de um dia lindo.
Caso brote ao ser
fitada a flor de cerejeira
minhas mãos, ora asas,
retocam seu róseo suave
lembrando do conto uma
outra vez...
Caso viver exija poema,
concha e grude
era em seu colo que a
paz me despertava
como uma artista
entende que a infância são sons, um brinquedo vermelho translúcido insiste nos
vãos
E sua poesia invoca
velhos recomeços
Todavia
Caso tenha de ser
soletude que a pétala
cole e se expanda
prendendo o coração
aqui bem perto
e que algo precipite ou
voe: desejos, chãos, vazios...
E a realidade se farte
do instante, tornando a ser
superfície
sob velhas teias de
água e ferro
Caso seja perene o
porvir
que tudo se refaça ao
último crepúsculo.
E algo se retifique
além das luzes
do ainda recente
castelo
que renasce com
estrondo no findo outono
Caso seja.
*Jullie Vague
Cientista Social. Musicista.
Poetisa. Roteirista. Filósofa Clínica
Curitiba/PR
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