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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"O mundo sensível é mais antigo que o universo do pensamento. A criança percebe antes de pensar. Aprendemos a manejar a linguagem muito antes de conhecer as leis que a regem"

"O presente se alimenta do ausente, bojo em que dormem as possibilidades"

"Os olhos desaprenderam a ver além do vazio o que nunca perceberam"

"Crises sucessivas, que irrompem de tempos em tempos desde o gótico medieval abalam profundamente o alicerce das certezas"

"A linguagem poética não é perfeita. Origina-se da imperfeição, da fratura, d corte (...)"

"O significado é produto da arquitetura do poema. Grafé liberta as
palavras das acepções às quais o sistema as agrilhoou, tornando-as originalmente significativas em novo espaço"

"Todos os achados tendem a transformar-se em convenções. Enrijecem, petrificam-se. A liberdade deve ser continuamente proclamada. É um processo, não é um estado"

"A relação grafia-grafé apresenta-se em todos os momentos instável. E reside aí a sua vitalidade"

"Grafé não entende a irregularidade como anomalia, mas como produtividade. Grafé contesta os sistemas e, entre os sistemas, as poéticas. Grafé é um contínuo princípio renovador. (...) Grafia é a vida em luta contra a inércia e a morte"

"Grafar é insubordinar-se contra o código, é procurar dizer o que ainda não se sabe dizer, o que ainda não se pode dizer, é descobrir escandalosamente a fratura, é inventar uma nova solução para o que se declarou não resolvido. A grafia poética soará como uma voz estranha. Estará situada nos limites do dizível e do indizível (...)"

"Para compreender a unidade dentro da pluralidade é necessário mergulhar numa região que está situada além do sensível, refazendo o caminho que, na busca da verdade, os gregos trilharam"

"Donaldo Schuler in "A palavra imperfeita". Ed. Vozes. Petrópolis/RJ. 1979.  

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