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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Tudo o que possamos ter aprendido com a leitura dos clássicos agora nos é necessário para julgar a obra de nossos contemporâneos, pois, enquanto houver vida neles, estarão lançando suas redes em algum abismo desconhecido para capturar novas formas, e teremos de lançar nossa imaginação em seu encalço, se quisermos aceitar e entender os singulares presentes que nos trazem de volta (...)"

"É, de fato, uma atmosfera não só fina e suave, mas também rica, com mais do que conseguimos captar numa só leitura (...) se por fim fecho o livro, é apenas porque minha mente estava saciada, e não o tesouro esgotado"

"A escuridão não só tem o poder de extinguir a luz, mas também sepulta em si uma grande parte do espírito humano"

"(...) quanto a saber do que tratava - talvez os grandes escritores nunca saibam. Talvez seja por isso que as épocas posteriores encontram o que procuram"

"Quem vem depois aprimora o trabalho dos pioneiros"

"(...) o único conselho sobre leitura que alguém pode dar a outra pessoa é não aceitar conselhos, seguir seus instintos, usar sua razão, chegar a suas próprias conclusões"

"Admitir a entrada de autoridades, por mais paramentadas que estejam, em nossas bibliotecas e deixar que nos ditem o que ler, como ler, que valor dar ao que lemos é destruir o espírito de liberdade que é o próprio alento desses santuários"

"Se baníssemos todas essas ideias preconcebidas durante a leitura, já seria um começo muito louvável. Não dê ordens a seu autor; tente converter-se nele. Seja seu cúmplice e companheiro de trabalho (...)"

"Não é apenas que estamos diante de outra pessoa - Defoe, Jane Austen ou Thomas Hardy - e sim que estamos vivendo num mundo diferente"

"(...) uma vitória conquistada em detrimento da vida é, na verdade, uma derrota"

"(...) somente podendo avaliar o modo de vida e a experiência do mundo ao alcance da mulher comum é que podemos explicar o sucesso ou o malogro da mulher incomum como escritora"

"Começamos a entender, com o auxílio de cartas e memórias, o excepcional esforço necessário para criar uma obra de arte e o grau de proteção e apoio que a mente do artista requer"

"(...) a natureza das palavras é significar muitas coisas (...) As palavra (...) são cheias de ecos, lembranças, associações - naturalmente. Estão aí, na boca das pessoas, nas casas, nas ruas, nos campos, há muitos e muitos séculos. E esta é uma das principais dificuldades em escrevê-las hoje - a de estarem tão repletas de significados e memórias, a de terem contraído tantos casamentos famosos"

*Virginia Woolf in "A arte do romance". Ed. L&PM Pocket. Porto Alegre/RS. 2018.  

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