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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"De repente um autor, para descrever-nos algo que talvez já vimos e conhecemos de longa data, emprega as palavras (ou os outros tipos de signos de que se vale) de modo diferente, e nossa primeira reação se traduz numa sensação de expatriamento, numa quase incapacidade de reconhecer o objeto, efeito esse devido à organização ambígua da mensagem em relação ao código. A partir dessa sensação de estranheza, procede-se a uma reconsideração da mensagem, que nos leva a olhar de modo diferente a coisa representada mas, ao mesmo tempo, como é natural, a encarar também diferentemente os meios de representação e o código a que se referiam"

"(...) a obra transforma continuamente sua denotações em conotações, e seus significados em significantes de outros significados"

"A mensagem pode pôr em jogo vários níveis de realidade"

"A circunstância é a presença de uma realidade à qual, por experiência fui habituado a aliar o emprego de certos significados em lugar de outros"

"Ordem e desordem são conceitos relativos; somos ordenados em relação a uma desordem precedente, e desordenados em relação a uma desordem precedente, e desordenados em relação a uma ordem subsequente, exatamente como somos jovens em relação a nossos pais e velhos em relação a nosso filho, libertinos em relação a um sistema de regras morais e retrógrados em relação a outro mais dúctil"

"O sujeito inteligente procede por uma série de hipóteses e tentativas, guiado pela experiência, e chega a compor estruturas: mas estas, longe de serem as formas estáticas e pré-formadas dos gestaltistas, são estruturas móveis e reversíveis, submetidas a diferentes possibilidades operatórias"

*Umberto Eco in "A estrutura ausente". Ed. Perspectiva. SP. 2005.

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