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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Cada ser histórico traz em si uma grande parte da humanidade anterior à História"

"Dizem os surrealistas que todo homem pode se tornar um poeta: é apenas uma questão de saber se abandonar à escrita automática. Essa técnica poética se justifica plenamente em uma psicologia sã. O 'inconsciente', como é chamado, é muito mais poético - e, acrescentaríamos, mais filosófico, mais mítico - que a vida consciente"

"Se o espírito utiliza as imagens para captar a realidade profunda das coisas, é exatamente porque essa realidade se manifesta de maneira contraditória, e consequentemente não poderia ser expressada por conceitos"

"Quanto mais uma consciência estiver desperta, mais ela ultrapassará sua própria historicidade"

"(...) a narração de um mito não é sem consequência para aquele que o recita ou para aqueles que o ouvem. Pelo simples fato da narração de um mito, o tempo profano é - pelo menos simbolicamente - abolido: narrador e auditório são projetados num tempo sagrado e mítico"

"(...) Resulta daí que um simbolismo tão denso exprime duas coisas essenciais: por um lado, que, no Cosmos como na vida humana, tudo está ligado através de uma textura invisível"

"(...) o pensamento indiano, como todo pensamento arcaico, utiliza imagens cuja própria estrutura inclui a contradição (imagens do tipo: achar num muro uma porta inexistente)"

"(...) As imagens constituem 'aberturas' para um mundo trans-histórico"

"O simbolismo acrescenta um novo valor a um objeto ou a uma ação, sem por isso prejudicar seus valores próprios e imediatos (...) O pensamento simbólico faz 'explodir' a realidade imediata, mas sem diminuí-la ou desvalorizá-la; na sua perspectiva, o universo não é fechado, nenhum objeto é isolado em sua própria existencialidade: tudo permanece junto, através de um sistema preciso de correspondências e assimilações"

"(...) O homem das sociedades arcaicas tomou consciência de si mesmo em um 'mundo aberto' e rico de significados. Resta saber se essas 'aberturas' são meios de fuga ou se, ao contrário, constituem a única possibilidade de alcançar a verdadeira realidade do mundo"

*Mircea Eliade in "Imagens e símbolos - ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso". Ed. Martins Fontes. SP. 1991.    

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