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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) A primeira verdade é que o mundo é como parece, e entretanto não é. Não é tão sólido e real como nossa percepção foi levada a crer, mas também não é uma miragem. O mundo é uma ilusão, como tem sido dito; ele é real por um lado, e irreal por outro. Preste muita atenção nisso, pois isso deve ser compreendido, e não simplesmente aceito. Nós percebemos. Isto é um fato concreto. Mas o que percebemos não é um fato concreto, porque aprendemos o que perceber" 

"Um nagual deve ser flexível o suficiente para ser qualquer coisa - respondeu - Ser um nagual, entre outras coisas, significa ter nenhuma posição a defender"

"(...) a percepção coerente mas irracional de que tudo que aprendemos a perceber está inexplicavelmente ligada à posição em que o ponto de aglutinação se encontra. Se ele é desalojado daquela posição, o mundo deixa de ser o que é para nós"

"Existe uma regra muito simples. Diante do desconhecido, o homem é aventureiro. Dar-nos uma sensação de esperança e felicidade é uma qualidade do desconhecido. O homem sente-se robusto, jovial. Mesmo a apreensão que o desconhecido desperta é muito gratificante. Os novos videntes viram que o homem fica em sua melhor forma diante dele"

"(...) Eu lhe expliquei que os novos videntes pretendem ser livres. E a liberdade tem as implicações mais devastadoras. Entre elas, está a implicação de que os guerreiros devem procurar deliberadamente a mudança. Já a sua predileção é viver da maneira como vive. Você estimula sua razão, percorrendo seu inventário e comparando-o com os inventários de seus amigos. Essas manobras deixam-lhe muito pouco tempo para examinar a si mesmo e a seu destino. Terá de abandonar tudo isso. Da mesma maneira, se tudo o que conhecesse fosse a calma mortal dessa cidade, você teria que procurar, mais cedo ou mais tarde, o outro lado da moeda"  

*Carlos Castanheda in "O fogo interior". Ed. Nova Era. RJ. 2000.

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