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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Ao nomear, com excessiva precisão, aquilo que se apreende, mata-se aquilo que é nomeado. Os poetas nos tornaram atentos a tal processo"

"Do momento em que há vida, há labilidade, dinamismo. A vida não se deixa enclausurar. Quando muito é possível captar-lhe os contornos, descrever-lhe a forma, levantar suas características essenciais"

"Como indica Nietzsche: 'É preciso esperar e preparar-se; espreitar o jorrar de fontes naturais, estar preparado, na solidão, para visões e vozes estranhas'"

"(...) estar atento a uma lógica do instante, apegada ao que é vivido aqui e agora. Tal lógica do instante nada mais tem a ver com a vontade racionalista que pensa poder agir sobre as coisas e as pessoas. Ela é muito mais tributária do acaso, de um acaso que ao mesmo tempo é necessário; próxima, nisto, do que os surrealistas chamavam de 'acaso objetivo'"

"O próprio do acontecimento é que ele se dá de maneira inesperada, o que torna bem difícil sua percepção por uma lógica linear, a partir de um causalismo unívoco"

"(...) De tanto dissecar, distinguir, o pensamento moderno esqueceu que o todo possui uma força específica que é, qualitativamente, diferente  da soma de suas partes"

"(...) aquilo que introduz a um pensamento acariciante, que pouco se importa com a ilusão da verdade, que não propõe um sentido definitivo das coisas e das pessoas, mas que se empenha sempre em manter-se a caminho"

"(...) o instituinte, aquilo que periodicamente (re)nasce, nunca está em perfeita adequação com o instituído, com as instituições, sejam elas quais forem, que sempre são algo mortíferas"

*Michel Maffesoli in "Elogio da razão sensível". Ed. Vozes. Petrópolis/RJ. 1996.

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