Nossos dias estão cheios
de receitas, conselhos, fórmulas, dicas, sobre como viver. “Pare de sofrer!
Tenha metas na vida! Não se abale por qualquer coisa! Saia de dentro de casa!
Não estude tanto! Você precisa aproveitar mais a vida! Você é muito jovem para
casar! Já é tempo de começar a agir como um adulto!”
E tantos outros conselhos
mais aparecem no dia a dia, como se a vida já viesse com um manual de
instruções. Como se os que aconselham soubessem de um manual de como viver, e o
conhecessem em todos os seus detalhes.
No entanto, o mundo não é
feito de experiências semelhantes. Mesmo no caso de gêmeos, um sairia primeiro
do que o outro, e daí já começaria uma série de pequenas diferenças de
vivências que acarretaria no fim, numa enorme estrutura de pensamento de
distância.
Respeitar as diferenças.
Um ensinamento proposto pela Filosofia Clínica. Não há modelos a serem
seguidos. Não há diagnósticos a serem encontrados. Há subjetividade.
E no consultório o
partilhante apresenta seu pedido de ajuda para resolver algo que dificulta sua
existência.
Não haverá pré-juizos a
respeito dos procedimentos para ajudar quem busca o filósofo clínico.
Este, primeiramente, vai
buscar colher tudo o que lhe for apresentado pelo sujeito que o procura. Dá-se,
aí, a experiência da recíproca de inversão. O filósofo vai ao mundo do
partilhante, tanto quanto é possível, e vislumbra outra maneira de ver o mundo.
Somente reconhecendo o
modo como o partilhante vivencia sua existência, reconhecendo sua Estrutura de
Pensamento, é que o filósofo começará a arriscar alguns procedimentos. Estes,
chamados de submodos, serão aplicados a fim de ajudar o partilhante a seguir
sua existência com seu conflito resolvido.
Não há, portanto, cura.
Não há doença ou qualquer tipo de anomalia ou diagnóstico a priori. O que se
observa é uma pessoa, única e irrepetível, solicitando um auxílio para suas
questões. Cabe ao filósofo clínico reconhecer como essa pessoa vive e, partindo
de sua própria individualidade, propor alguns caminhos. Caminhos estes
anteriormente apresentados pelo próprio partilhante durante as consultas.
O trabalho da filosofia
clinica está baseado nos princípios filosóficos. Mas, não como receitas, e sim
como métodos de avaliação da historicidade do partilhante. Trata-se de um sistema
aberto, cuja prática exigirá do filósofo um exercício de escuta e observação
única com cada partilhante que se apresenta. Cada momento é ímpar.
Sem doença, fórmulas,
receitas, manuais. Somente o filósofo clínico, com sua experiência e preparo
filosófico e metodológico buscando a melhor qualidade de interseção possível
com o partilhante, para que a recíproca de inversão seja frutuosa.
Prof. Dr. Miguel Angelo
Caruzo
Filósofo. Escritor.
Filósofo Clínico. Livre Pensador.
Teresópolis/RJ
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