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Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*


"(...) Para realizar essa obra, Machado de Assis não se valeu unicamente dos elementos que tirou de si mesmo, mas sobretudo daquilo que encontrou em outros mestres; sua habilidade consistiu em assimilar as lições alheias, sem prejuízo de sua autenticidade pessoal"

"Contou Júlio César Machado, num velho folhetim de jornal que, em visita ao Visconde de Castilho, deste ouviu a observação de que tudo se acha nos livros. Pouco depois, deu por falta de seus óculos. Procura nos livros - disse-lhe risonhamente o Visconde. Asim fez o jornalista. E a verdade é que os encontrou dentro de um livro onde os havia esquecido" 

"De Assis Chateaubriand poderemos dizer que não foi um homem na singularidade de seu feitio, mas sim uma multidão, com a multiplicidade de suas expressões humanas. Jornalista, homem de letras, professor, homem de empresa, advogado, político, diplomata, agricultor, crítico de arte, fazendeiro, comerciante, tudo isso ele foi no transbordamento habitual de sua individualidade" 

"Graça Aranha, em fevereiro de 1922, na conferência com que foi inaugurada a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, atirou à Academia (Brasileira de Letras) o seu primeiro ataque ríspido, na veemência destas palavras: 'Ignoro como justificar a função social da Academia. O que se pode afirmar para condená-la é que ela suscita o estilo acadêmico, constrange a livre inspiração, refreia o jovem e árdego talento que deixa de ser independente para se vazar no molde da própria Academia'"

"Sou um homem muito ocupado, quase não faço vida social. Sempre que um candidato à Academia manifesta o desejo de vir à minha casa, sei ir de braços abertos ao seu encontro, não obstante o retraimento de meu feitio: é que pode estar ali um novo amigo, e a amizade legítima é escassa, sobretudo depois que se conhece melhor a condição humana. Quando não quer vir, sou-lhe ainda mais reconhecido, porque me poupou a eventualidade de um equívoco. Mil vezes assim do que fazer a visita contrariado, tomar o nosso tempo, beber o nosso café, ou mesmo o nosso uísque, oprimir o veludo da poltrona com todo o peso de sua presunção, e depois recompensar a nossa urbanidade, lá embaixo, na calçada da rua, com o destempero de um gesto obsceno" 

"(...) E que poeta ou prosador, por mais ilustre que seja, pode ser maior que Dante, Goethe, Shakespeare, Balzac, Camões, Machado de Assis ? Pois esses, e outros mais, esplendidamente encadernados, estão sempre à minha espera, na cordialidade de minha sala, quando um candidato áspero faz o obséquio de não interromper minhas horas de leitura" 

"(...) Cercado de quarenta mil volumes preciosamente encadernados, Agripino Grieco é bem um sibarita das letras, grão-senhor de um vasto domínio literário, que ele conhece em todos os seus recantos. Fui vê-lo certa vez, na sua casa de subúrbio, e senti bem o artista, que se isolou no seu canto, fora do bulício da grande cidade, para conviver com os gênios e os mestres, no silêncio de sua biblioteca"

"(...) Ao tentar estabelecer o ponto de partida de uma geração, observou Sainte Beuve, (...) que a tendência de cada um de nós é querer marcar o começo do baile pelo momento em que começou a dançar. Daí não levarmos em conta, frequentemente, as horas que os outros dançaram antes de nós"

*Josué Montello in "Uma Palavra Depois da Outra". Ed. Instituto Nacional do Livro. RJ. 1969.  

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