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Fragmentos Filosóficos, Existenciais, e algo mais*


"(...) O povo prefere, em vez do técnico, possuidor da ciência das moléstias, o 'homem que cura', o que tem 'poder' sobre a doença. Não importa que há anos a bruxaria e o demonismo se tenham volatilizado e transformado em luz elétrica; a fé nestes homens maravilhosos e feiticeiros tem permanecido mais viva do que parece e do que não nos atrevemos a confessar publicamente" 

"O povo continua preferindo ao 'frio instrumento', o homem vivo, de sangue ardente, de onde 'emana o poder'. O herbanário, o pastor, o exorcista e o hipnotizador, precisamente por não exercerem suas práticas de cura como ciência, e sim como arte e, mais ainda, como uma arte de nigromância, despertam nas aldeias maior confiança do que o médico com diploma de facultativo"

"(...) Da mesma maneira que o sangue, sem ter escutado a lição de nenhum químico, fabrica antitoxinas, assim também o organismo, sustentador e organizador de si próprio, sabe, a maior parte das vezes, dar fim à enfermidade que o aflige, valendo-se dos próprios recursos" 

"Todo novo descobrimento revela e confirma antigos pressentimentos; em todos os tempos os fatos foram precedidos pelas ideias. Mas a história, demasiado apressada para ser justa, só atende ao triunfo. Enaltece somente a vitória, o intento coroado pelo êxito, nunca a ousada tentativa levada a cabo entre ingratidões e receios. Só glorifica o aperfeiçoador, nunca o precursor (...)   assim sucedeu com Mesmer, o primeiro dos psicólogos modernos, que devia tomar para si a sorte ingrata eternamente reservada aos que chegam antes do tempo (...) mandato inexorável, segundo o qual, em todas as épocas, os precursores há de ser sacrificados"

"(...) opino pela grande predisposição de Mary Baker para o milagre (...) assim também o prodígio, para realizar-se, pressupõe sempre uma determinada disposição, um estado anímico de tensão nervosa e mística; nunca se verifica um milagre numa pessoa que, no seu íntimo, não o venha esperando ansiosamente durante longo tempo"

"Graças ao esforço de Freud, uma nova geração contempla uma época nova com olhos mais penetrantes, mais livres e mais sinceros (...) se aprendemos a respeitar a essência única de todo indivíduo"

"A mim me parece que a raridade desses verdadeiros mestres da alma é a razão por que a psicanálise será sempre uma vocação ao alcance de alguns e jamais poderá ser considerada um ofício e um negócio - ao contrário do que hoje em dia, infelizmente, muitas vezes acontece"

*Stefan Sweig in "A cura pelo espírito". Ed. Delta. RJ. 1956.   

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