"(...) já lera biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida, pelo menos de vida interior"
"(...) Vivia de coincidências, vivia de linhas que incidiam e se cruzavam e, no cruzamento, formavam um leve e instantâneo ponto, tão leve e instantâneo que era mais feito de segredo"
"Estava no seu pequeno destino insubstituível passar pela grandeza de espírito como por um perigo, e depois decair na riqueza de uma idade de ouro e de escuridão, e depois perder-se de vista"
"Ela indicava o nome íntimo das coisas, ela, os cavalos e alguns outros; e mais tarde as coisas seriam olhadas por esse nome"
"(...) a vida que se leva por dentro não é a vida terrena"
"Já agora nem sabia se vira o céu por si mesma como quem vê o que existe ou se pensava em céu e conseguira inventá-lo"
"(...) Para nascer as coisas precisam ter vida"
"Queria saber: depois que se é feliz o que acontece ? O que vem depois ? - repetiu a menina com obstinação"
"Como se visse alguém beber água e descobrisse que tinha sede, sede profunda e velha. Talvez fosse apenas falta de vida: estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedisse inundações"
"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam"
"Corro perigo como toda pessoa que vive. E a única coisa que me espera é exatamente o inesperado"
"A violeta é introvertida e sua introspecção é profunda. Dizem que se esconde por modéstia. Não é. Esconde-se para poder captar o próprio segredo. Seu quase-não-perfume é glória abafada mas exige da gente que o busque. Não grita nunca o seu perfume. Violeta diz levezas que não se podem dizer"
"Cada minuto que vem é um milagre que não se repete"
*Clarice Lispector - Clarice na cabeceira. Org. José Castello. Ed. Rocco. RJ. 2011.
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