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Fragmentos Filosóficos, Médicos, e algo mais***


"(...) rotular os indivíduos que se sobressaem, ou que são incapacitados por problemas da vida, de 'doentes mentais' apenas impediu e retardou o reconhecimento da natureza política e moral dos fenômenos para os quais se dirigem os psiquiatras"

"(...) a visão de que as chamadas doenças mentais são mais idiomas do que doenças não foi ainda adequadamente articulada, nem suas implicações totalmente apreciadas"

"(...) Em suma, Charcot e Guillotin facilitaram às pessoas - especialmente aqueles socialmente oprimidas - serem doentes ou morrer. Nenhum deles lhes facilitou terem saúde ou viver. Eles usaram seu prestígio e conhecimento médico para ajudar a sociedade a modelar-se segundo uma imagem que fosse agradável a ela mesma"

"(...) os nomes, e portanto os valores que damos às pinturas - e as doenças - dependem das regras do sistema de classificação que usamos (...) Passamos, portanto, a olhar o vício, a delinquência, o divórcio, o homossexualismo, o homicídio, o suicídio, e assim por diante, indefinidamente, como doenças psiquiátricas. Este foi um erro colossal e caro (...) Na realidade, tais rótulos podem, algumas vezes, beneficiar as pessoas. Mas isso acontece principalmente porque as pessoas toleram muito pouco a incerteza e insistem em que o mau comportamento seja classificado como pecado ou como doença"

"(...) se o terapeuta deseja representar seu papel corretamente, não deverá ser influenciado por considerações socialmente perturbadas em relação a seu paciente. Essa condição poderá ser atingida com mais facilidade se o relacionamento for rigidamente restrito a duas pessoas"

"(...) O simbolismo representativo presta-se à expressão dos problemas ditos psiquiátricos, porque estes dizem respeito a dificuldades que são, por sua própria natureza, experiências humanas concretas. Os seres humanos não sofrem de complexo de Édipo, frustração sexual ou ódio reprimido, como abstrações; eles sofrem a partir de suas relações específicas com os pais, esposas, filhos, patrões, e assim por diante"

"(...) falar em termos de aprendizagem, em vez de falar em termos de etiologia, permite-nos reconhecer que, entre uma diversidade de formas comunicativas, cada qual tem sua própria raison d'être, e que, dependendo das circunstâncias em que se encontram os comunicantes, todas podem ser igualmente 'válidas'. (...) A eterna frustração dos psiquiatras e psicoterapeutas vem, portanto, do simples fato de que em geral eles tentam ensinar novas línguas a pessoas que não têm o menor interesse em aprendê-las"

"O papel de doente mental, portanto, é frequentemente imposto às pessoas contra sua vontade. Em suma, o papel de doente em psiquiatria é tipicamente definido por outros"

*Dr. Thomas S. Szasz in "O Mito da Doença Mental". Ed. Círculo do Livro/SP. 1974. 

**Médico Psiquiatra. Prof. da Universidade de Nova York. Um dos precursores da anti-psiquiatria. Suas ideias influenciaram outros psiquiatras e psicoterapeutas reconhecidos como: David Cooper, Ronald Laing, e Basaglia.  

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