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O tempo com tempo*



Em nosso quintal observo
Limões, caquis, laranjas e maracujás.
Ouço pássaros e latido de cães.
Vejo folhas de outono ao vento.
Sinto perfume da grama.
A exuberante erva cidreira grita:
-Aqui estou! Olhe para mim!
Tanta beleza, Deus nosso!
No fundo do nosso quintal.
Sinto a benção da natureza.
Sentada estou sob a mangueira.
Quanto tempo elas estão aqui
E não as namorava.
Flores por todas as partes me receberam sem cobrar e julgar.
Ah! É nosso Quintal!
O sol recolhido deixa o outono chegar.
Abacateiro repleto de frutos me convida.
Há poesia em todos os cantos
A me encantar!
Há tempo no tempo!
Que quero eu, se já me foi dado?
Qual o verdadeiro sentido de tudo em mim?
Penso nas Confissões de Agostinho,
No Livro Vermelho de Jung,
Vitor Frankl na Guerra...
Ah! Em Manuel de Barros!
E Rubem Alves!
Ah! nosso quintal!
Vejo agora meus pés no chão.
Sinto a unidade da terra neles.
Que mais quero eu?
Apenas aqui ficar.
Respirar e deixar o tempo fluir.
Meu olhar aqui vagueia
Admirando o silêncio das árvores.
Vou agora para o fogão
Peixe, pão e vinho
Chá de erva Cidreira...
Depois? Que sei eu?
Vou deixar o tempo com tempo
Me levar,
E orar por todos em dor,
Pois, Plutão está convocado
A morrer e renascer.
Saturno entrou em Aquário
Convocado a Humanidade
A curar e amar!
Com tempo com tempo
No nosso quintal!

*Dra Rosângela Rossi
Psicoterapeuta. Escritora. Artista plástica. Filósofa Clínica
Juiz de Fora/MG

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