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A fuga de si mesmo*



“Estou a caminho com a minha visão”
                  Walt Whitman

Ainda penso em fugir nadando, ir mais longe do mal que nos atinge, a pandemia da ignorância.
A última previsão é o mar revolto, água límpida da dor, 
A liberdade não me dá asas nem oferece um barco de outono.
Tenho que ir sem olhar para trás, adentrar o mar,
Águas frias, correntezas fortes a me levar a outra consciência.
A visão daqui, ruas silenciosas, casas em suas luzes guardam tudo que se pode imaginar,
Então, tenho que sair voando janela afora, até a primeira correnteza.
Mergulhar que nem pelicano, afundar a fúria do cotidiano,
Atravessar todos os lugares possíveis, sem ver a insanidade.
O povo está quieto, só Dylan na essência noturna ouço,
Os dias dissimulam, viver no país está sendo um desafio. 
A única arma será o vômito escárnio contra os que marcham com seus hinos.

Vou cerrar as janelas, usar a máscara invisível e rumar ao porto mais próximo. Abril está fechado.

*Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes
Filósofo. Editor. Escritor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS

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