Pular para o conteúdo principal

Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais*


"O verdadeiro problema da compreensão aparece quando, no esforço de compreender um conteúdo, coloca-se a pergunta reflexiva de como o outro chegou à sua opinião. Pois é evidente que um questionamento como este anuncia uma forma de alteridade bem diferente, e significa, em último caso, a renúncia a um sentido comum"

"(...) pode-se compreender tudo sobre o que se tem interesse, somente se reconhecermos 'historicamente' o espírito do autor, isto é, superando nossos preconceitos, não pensamos noutras coisas do que nas que o autor pôde ter em mente"

"Ganhar um horizonte quer dizer sempre aprender a ver mais além do próximo e do muito próximo, não para apartá-lo da vista, senão que precisamente para vê-lo melhor, integrando-o em um todo maior e em padrões mais corretos"

"(...) Por isso, deve ser uma tarefa constante impedir uma assimilação precipitada do passado com as próprias expectativas de sentido. Só então se chega a ouvir a tradição tal como ela pode fazer-se ouvir em seu sentido próprio e diferente"

"Na verdade, o horizonte do presente está num processo de constante formação, na medida em que estamos obrigados a pôr à prova constantemente todos os nossos preconceitos"

"(...) tampouco se podem manter, às cegas, as próprias opiniões prévias sobre as coisas quando se compreende a opinião de outro. Quando se ouve alguém ou quando se empreende uma leitura não é necessário que se esqueçam todas as opiniões prévias sobre seu conteúdo e todas as opiniões próprias. O que se exige é simplesmente a abertura à opinião do outro ou à do texto"

"O que importa é dar-se conta das próprias antecipações, para que o próprio texto possa apresentar-se em sua alteridade e obtenha assim a possibilidade de confrontar sua verdade com as próprias opiniões prévias"

"(...) a compreensão congenial possível de ser alcançada na relação entre o eu e o tu (...) Este é o triunfo do método filológico: conceber o espírito passado como presente, o espírito estranho como familiar"

"O artista livre cria sem receber encomenda. Parece que o que o caracteriza é a completa independência de seu trabalho criativo, o que, por isso, lhe confere mesmo socialmente, as feições características de um excêntrico, cujas formas de vida não podem ser mensuradas de acordo com as massas que obedecem aos costumes públicos (...) A terra natal das pessoas itinerantes torna-se um termo genérico para o estilo de vida do artista"

*Hans-Georg Gadamer in "Verdade e Método - Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica". Ed. Vozes. Petrópolis/RJ. 1997. 

Comentários

Visitas