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Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*


"(...) Evitar tais tentações é o primeiro dever do poeta, concluía, pois, como o ouvido é a antecâmara da alma, a poesia pode arruinar e destruir com mais segurança do que a luxuria ou a pólvora. O ofício do poeta (...) é portanto o mais alto de todos. Suas palavras alcançam o que para os outros é inatingível. Uma simples canção de Shakespeare tem feito mais pelos pobres e pelos malvados que todos os pregadores e filantropos do mundo (...)" 

"(...) Orgulhava-se de que sempre o tivessem chamado de literato, e escarnecessem de seu amor aos livros e à solidão (...) Quebrara, certa vez, o leque de Lady Winchilsea, procurando uma rima. Relembrando avidamente esses e outros exemplos de sua incapacidade para a vida social, sentiu-se possuído pela inefável esperança de que toda a turbulência da sua juventude, sua rusticidade, seus rubores, seus longos passeios e seu amor ao campo fossem a prova de que pertencia, mais do que à raça nobre, à raça sagrada - que fosse, de nascença, mais um escritor do que um aristocrata. E pela primeira vez, desde a noite da grande inundação, se sentiu feliz"

"(...) o leitor que através de um simples sussurro pode ouvir uma vívida voz; que pode ver claramente o rosto que não chegamos a descrever (...)"

"(...) que estranhos poderes serão esses que penetram nossos mais secretos caminhos  e mudam nossos mais preciosos bens, a despeito da nossa vontade ?"

"(...) As velhas suspeitas que nele trabalhavam subterrâneas, levantaram-se do seu esconderijo, abertamente"

"(...) Por essa época da sua vida, em que a cabeça lhe transbordava de versos (...)"

"(...) esse desajeitamento acompanha muitas vezes o amor à solidão. Tendo tropeçado numa arca, Orlando gostava naturalmente de lugares solitários, de vastas perspectivas (...)" 

"(...) aquilo para onde se está olhando fica sendo não aquilo mesmo, mas uma outra coisa, muito maior e muito mais importante, sem deixar de ser a mesma coisa"

"(...) a transação entre um escritor e o espírito da época é de infinita delicadeza, e é da perfeita concordância dos dois que depende a sorte das suas obras. Orlando (...) Pertencia-lhe, sendo quem era"

*Virginia Woolf in "Orlando". Ed. Nova Fronteira. RJ. 1978.

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