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Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*


"O que é realizado, aqui, é a escritura. De todas as matérias da obra, só a escritura, com efeito, pode dividir-se sem deixar de ser total: um fragmento de escritura é sempre uma essência de escritura. Eis por que, quer se queira quer não, todo fragmento é acabado, a partir do momento em que é escrito"

"(...) o escritor está condenado a trabalhar sobre signos, para variá-los, desabrochá-los, não para deflorá-los: a sua forma é a metáfora, não a definição"

"(...) o sentido de um signo não é mais do que a sua tradução num outro, o que é definir o sentido não como um significado último, mas como um outro nível significante"

"(...) o real nunca é mais do que um sentido (...)"

"A interdisciplinaridade consiste em criar um objeto novo que não pertença a ninguém. O Texto é, creio eu, um desses objetos"

"(...) o mundo: um sistema sempre provisório de diferenças"

"A redução da leitura a simples consumo é evidentemente responsável pelo 'tédio' que muitos experimentam diante do texto moderno (ilegível), do filme ou do quadro de vanguarda: entediar-se quer dizer que não se pode produzir o texto, jogar com ele, desfazê-lo, dar-lhe partida"

"O Texto é plural. Isso não significa apenas que tem vários sentidos, mas que realiza o próprio plural do sentido: um plural irredutível (e não apenas aceitável). O Texto não é coexistência de sentidos, mas passagem, travessia; não pode, pois, depender de uma interpretação, ainda que liberal, mas de uma explosão, de uma disseminação" 

"O Texto não pára na (boa) literatura; não pode ser abrangido numa hierarquia, nem mesmo numa simples divisão de gêneros. O que o constitui é, ao contrário, a sua força de subversão com relação às antigas classificações"

"Sabemos agora que um texto não é feito de uma linha de palavras a produzir um sentido único, de certa maneira teológico (que seria a 'mensagem' do Autor-Deus), mas um espaço de dimensões múltiplas, onde se casam e se contestam escritura variadas, das quais nenhuma é original: o texto é um tecido de citações, oriundas dos mil focos da cultura"

*Roland Barthes in "O Rumor da Língua". Ed. Martins Fontes/SP. 2004. 

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