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Anotações e reflexões*



Uma ex-aluna, Danielle Christine, estudante de Jornalismo, perguntou-me ontem por que não escrevo de acordo com o "novo acordo ortográfico" (também chamado de AO90, em referência ao ano em que foi proposto).

* * *

"Acordos ortográficos" são maluquices da língua portuguesa. Nenhuma outra língua precisa disso; contudo, somente no século XX mudamos - por força de lei - quatro vezes a ortografia, sob o pretexto de "simplificá-la" ou de "uniformizá-la" entre os países lusófonos.

A cada vez que isso ocorre, nossos jovens ficam mais distantes dos livros impressos no passado, que passam a oferecer dificuldades cada vez maiores para a leitura. Isso está fazendo com que a língua portuguesa se torne mais e mais uma língua sem profundidade histórica: os jovens conseguem ler somente o que foi editado nas últimas décadas - e perdem o universo de livros antigos que jamais serão reimpressos.

O problema não é a transformação da língua: todas mudam com o tempo. O problema é forçar, artificialmente, essa mudança, a partir da cabeça de pavões acadêmicos, e - veja o ridículo - determiná-la por força de lei. Como se políticos tivessem legitimidade para determinar como devemos copiar uma linha de Machado, de Vieira ou de Camões.

Por isso, muitos profissionais das letras, entre editores, jornalistas, músicos e escritores, no Brasil e em Portugal, simplesmente não reconhecemos o AO90.

*Prof. Dr. Gustavo Bertoche
Filósofo. Professor. Escritor. Musicista. Filósofo Clínico. Livre Pensador.
Teresópolis/RJ

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