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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"A abertura para o mundo supõe que o mundo seja e permaneça horizonte, não porque minha visão o faça recuar além dela mesma, mas porque, de alguma maneira, aquele que vê pertence-lhe e está nele instalado" 

"(...) o outro é o titular desconhecido dessa zona não minha"

"Aparentemente, essa maneira de introduzir o outro como incógnita é a única que considera sua alteridade e a explica"

"Há uma espécie de loucura da visão que faz com que, ao mesmo tempo, eu caminhe por ela em direção ao próprio mundo e, entretanto, com toda a evidência, as partes desse mundo não coexistam sem mim: a mesa, em si, nada tem a ver com o leito que está a um metro dela - o mundo é visão do mundo e não poderia ser outra coisa"

"(...) não há propriamente intermundo, cada um habita apenas o seu, vê unicamente segundo seu ponto de vista"

"O olhar dos outros homens sobre as coisas é o ser que reclama o que lhe é devido e que me incita a admitir que minha relação com ele passa por eles"

"(...) o privilégio de minha perspectiva parece absoluto e minha percepção indeclinável, tal privilégio só o adquiro a titulo provisório: não é o de uma série 'subjetiva' reservada para mim, faço de alguma forma tudo o que de mim dependa para que o mundo vivido por mim seja acessível a outros, já que apenas me distingo como um nada que não lhe tira nada, ponho no jogo do mundo meu corpo, minhas representações, meus próprios pensamentos enquanto meus e tudo o que se chama eu só é, em princípio, oferecido ao olhar estrangeiro, se este quiser aparecer"

"(...) este mundo que não sou eu, e ao qual me apego tão intensamente como a mim mesmo, não passa, em certo sentido, do prolongamento de meu corpo; tenho razões para dizer que eu sou o mundo"

*Maurice Merleau-Ponty in "O visível e o invisível". Ed. Perspectiva. SP. 1999.

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