“Após aprender a parte
teórica da filosofia clínica, começa um novo aprendizado para os que pretendem
clinicar. A prática clínica é um recomeço. Cada partilhante é um início do
zero. Talvez o aspecto mais filosófico da filosofia clínica seja o espanto ou
admiração (θαύμας) diante da novidade apresentada em cada sessão. Tudo é novo o
tempo todo. Nenhum caso se repete. Cada partilhante é singular, cada questão
levada ao consultório vem com uma história particular que a constitui e com um
jeito único de fazer essa experiência. O aparato teórico, quando bem estudado,
apura a escuta e capacita para o cuidado”
“Há certo equívoco em pensar que para todos os indivíduos o trato racional dos problemas pessoais seja suficiente para resolvê-los. Às vezes, é possível construir um tratado sobre o que se passa na vida e não dar conta de superar o incômodo – talvez sequer apareça nesse “tratado”. Também recorrer ao irracional pode não ajudar muito. Aquilo que constitui alguém de modo determinante pode ser seus valores, suas relações, sua visão de mundo ou de si mesma, suas emoções, seus pré-juízos e uma série de outros aspectos, inclusive na combinados entre si”
“Quarenta vezes, isso
mesmo, Avicena leu a Metafísica de Aristóteles qua-ren-ta vezes para
compreendê-la, esbravejou o professor. Mas seu aluno continuava se achando no
direito de criticar o fundador do Liceu após ler uma única vez uma das maiores
obras filosóficas do Ocidente. Se pelo menos tivesse lido detidamente, disse o
docente, não afirmaria críticas com tantas certezas! O jovem o ouvia com ar
autossuficiente de desdém, próprio de muitos adolescentes. A falta de
entendimento, o pouco conhecimento e a sabedoria rasa geram muitas certezas,
pensou o professor. É lamentável, concluiu, que muitos queiram permanecer com
as certezas da juventude”
*Prof. Dr. Miguel
Angelo Caruzo
Filósofo. Educador.
Escritor. Filósofo Clínico. Livre Pensador.
Teresópolis/RJ
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