"(...) os dois principais artistas da literatura norte-americana, Poe e Hawthorne, ficaram distanciados da sociedade como poucos no mundo jamais ficaram; aos olhos dos contemporâneos deveriam parecer espectrais e distantes, quase nem humanos, e seria fácil mostrar que não é menos marcante a reação que um mundo essencialmente irreal para eles produz em suas obras"
" (...) no coração do homem que não se conformará jamais - se é poeta - com ser somente um homem. Por isso o poeta se sente crescer em sua obra. Cada poema o enriquece em ser. Cada poema é uma armadilha onde cai um novo fragmento da realidade (...)"
"Os poetas se compreendem de poema a poema melhor do que em seus encontros pessoais"
"Todo leitor da obra completa de Keats - e de suas admiráveis cartas - observará que o périplo do poeta não o levou além de si mesmo, de suas próprias crenças reiteradamente sustentadas antes e depois de escrever a Ode"
"Se o poeta é sempre 'algum outro', sua poesia tende a ser igualmente 'a partir de outra coisa', a encerrar visões multiformes da realidade na recriação singularíssima da palavra"
"(...) o argumento de cada narrativa é também um testemunho de estranhamento, quando não uma provocação tendente a suscitá-lo no leitor"
"E, contudo, os contos de Katherine Mansfield, de Tchecov, são significativos, alguma coisa estala neles enquanto os lemos, propondo-nos uma espécie de ruptura do cotidiano que vai muito além do argumento"
*Julio Cortázar in "Valise de Cronópio". Ed. Perspcetiva. SP. 2013.
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