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Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*


"(...) Como diz Le Clésio, os grandes inovadores da humanidade foram nômades, que se alimentavam 'da relação e que, a cada vez, transgrediam as regras da territorialidade' (...) através do relacionamento entre culturas diferentes, alargamos nosso espaço interior (...)"

"A menos que esteja congelada, enrijecida, destinada a uma repetição perpétua, a vida é movimento, deslocamento - sobretudo na época contemporânea, na qual a aceleração das mudanças colocam diante de nossos olhos um mundo constantemente remodelado, que obriga a redefinir, sem cessar, o lugar que nele ocupamos, os pontos de referência que dão sentido"

"David Grossman: 'Quando escrevemos, sentimos o mundo se mover, ágil, transbordando de possibilidades (...) O simples fato de imaginar me dá novamente vida. (...) Eu escrevo e percebo que o emprego correto e preciso das palavras é como um remédio para uma doença"

"(...) a leitura engendra a fala, desencadeia o fio das associações, reativa uma atividade de simbolização, de narração"

"(...) O que sabem os poetas, como Juan Gelman: ' Há em todos zonas adormecidas que a obra mais inimaginável pode despertar'"

"A leitura é uma atividade muito complexa, que não poderia ser reduzida a um aspecto, seja esse ou qualquer outro. Por meio desses exemplos, eu queria apenas chamar atenção para o fato de que, lendo com frenesi obras variadas, muitos leitores se dedicam na realidade a uma atividade vital, mesmo que não estejam sempre conscientes disso. O que não os impede de também encontrar prazer, distração, informações, assuntos de conversa, algumas vezes ideias que apurem seu espírito crítico; e, de tempos em tempos, de se encantar com uma escrita, serem tocados por um estilo, sensibilizados por um ritmo"

"(...) nunca conseguiremos expressar a contento o quanto os leitores têm razões que escapam às dos pesquisadores, dos críticos ou dos mediadores"

"Não é somente um reconhecimento de si que a literatura permite, mas uma mudança de ponto de vista, um encontro com a alteridade e talvez uma educação dos sentimentos"

"(...) E nossa sede de palavras, de elaboração simbólica, é tamanha que, com frequência, imaginamos assistir a esse retorno de um conhecimento sobre nós mesmos surgindo sabe-se lá de que estranhas fontes, redirecionando o texto lido a nosso bel-prazer, encontrando nele o que o autor nunca teria imaginado que havia colocado"

"Ler tem a ver com a liberdade de ir e vir, com a possibilidade de entrar à vontade em um outro mundo e dele sair (...) Michel de Certeau: ' ler é estar em outro lugar, lá onde eles não estão, em um outro mundo; é constituir uma cena secreta, um lugar onde se entra e de onde se sai a vontade (...)'" 

*Michèle Petit in "A Arte de Ler". Editora 34. SP. 2017.  

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