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Notas sobre leituras e aprendizados*



Há pouco mais de dez anos, resolvi ler algum livro de Fábio de Melo – isso mesmo, o padre que também é cantor e escritor. Estava em um ritmo de leituras de filosofia e de literatura, sobretudo, europeia. Estava acostumado com densidade e complexidade.

Quando iniciei a leitura, percebi a diferença. Achei o texto bastante simples – na época, esse era um de meus posicionamentos críticos ao texto. Afinal, o público a que se destinava não era necessariamente de estudantes de filosofia e, muito menos, recém formados nessa área.

Mas a diferença maior foi a do estilo de escrita. Acostumado a ler e, mais ainda, escrever quase parágrafos inteiros com um ou dois pontos repletos de vírgulas, deparei-me com um texto de frases curtas e quase sem vírgulas. Esse era outro ponto que me levou a “olhar torto” para o texto.

Fábio de Melo opta por pontos em vez de vírgulas. Como mantém a sequência nas frases dos parágrafos, pouco importa se o que separa uma sentença de outra são pontos ou vírgulas. Aliás, importa. A leitura fica mais acessível.

As influências literárias em seu texto surgem nas imagens que produz na mente do leitor com a poesia de suas palavras. Seu estilo de escrita, por outro lado, trazem um fim prático mais imediato: tornar-se compreendido por quem lê pouco ou possui pouca formação.

Acredito que a finalidade seja alcançada. Por isso, recentemente resolvi ler novamente algum livro dele. Por um lado, para acompanhar a poesia das palavras. Por outro, para aprender a escrever de modo mais acessível.

Há mais de dez anos, tive mais críticas do que elogios ao autor. Hoje, faço exatamente o contrário. Acho que essa é uma das belezas da vida: quase sempre dá tempo de mudar de ideia sobre alguma coisa.

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo 
Filósofo. Escritor. Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ

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