Essa foi a frase que ouvi certa
vez de uma amiga. Ela tentava contar algo de suas experiências religiosas. Mas,
sabia que eu não havia construído minhas crenças ou convicções nos mesmos
pressupostos dela. Isso a dificultava se abrir para mim.
Havia um equívoco na convicção
dela. A questão não era eu não entender. Ninguém entenderia como ela. Era a
experiência dela. Tudo o que conseguimos, mesmo confessando as mesmas crenças e
acreditando ter experiências semelhantes, é algo aproximativo. Não há exatidão
quando a questão é entender uma experiência subjetiva. Se é que há uma
experiência "objetiva".
E para compreender de maneira
aproximada, era necessário que ela me trouxesse mais informação possível. Eu
jamais faria a experiência dela. Mas, isso não impediria de tentar entender
como foi para ela tal experiência.
O ponto central é justamente
esse: o diálogo, a abertura e a escuta nos permite compreender um pouco mais o
outro. Jamais faremos a mesma experiência. E se o fizéssemos, seríamos outro a
experienciar e, consequentemente, a experiência ou a perspectiva dela seria
outra.
De fato, eu não iria entender
enquanto ela esperasse um interlocutor que não fosse diferente dela. Mas, se
ela se propusesse a falar minuciosamente sobre o que aconteceu, talvez eu me
aproximasse de sua experiência. Ela tinha o que dizer. E, diante dela, estava
alguém disposto a ouvir. Eis o âmbito de uma compreensão possível.
*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo
Filósofo. Escritor. Filósofo
Clínico e Professor.
Teresópolis/RJ
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