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Dúvidas sobre a Filosofia Clínica*



O que é a filosofia clínica? É uma abordagem terapêutica criada pelo médico e filósofo gaúcho Lúcio Packter que a desenvolveu ao longo dos anos 1980 e iniciou a formação no Instituto Packter em meados dos anos 1990. Packter partiu de vinte e cinco séculos de conhecimentos filosóficos sobre a alma humana e a estruturou como um método de abordagem terapêutica. 

Como funciona a filosofia clínica? Ela parte da história de vida e do contexto de seus partilhantes, nome dado a quem procura os serviços do filósofo clínico. A partir da historicidade, o filósofo clínico compreende o modo de ser (Estrutura de Pensamento) e agir (Submodos) do partilhante para encontrar meios de solucionar ou aliviar os conflitos existenciais de diversos âmbitos e naturezas, mapeados ao longo do processo terapêutico.

Qual é o diferencial da filosofia clínica? A filosofia clínica trabalha com o pressuposto da singularidade. Assim, cada pessoa, vista de modo único, não é diagnosticada de acordo com a “norma”. Conceitos como normal e patológico não cabem no processo. E os problemas do partilhante cessarão ou encontrarão alívio por meio de uma construção compartilhada com seu terapeuta. Além de poder ser feita em consultórios, a terapia também pode ser realizada em cafés, praças, parques, enfim, onde o partilhante encontrar ambiente que mais beneficie sua partilha.

Quem pode ser partilhante? A princípio, não há restrições. A filosofia clínica engloba desde partilhantes psiquiátricos até pessoas que, não se vendo incomodadas com algum problema específico, queiram promover um autoconhecimento. Em geral, os que procuram o filósofo clínico trazem questões sobre relacionamento, família, profissão, vocação, perda, indecisão, sentido etc. Até mesmo partilhantes acompanhados em outras modalidades terapêuticas tradicionais e alternativas (psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais etc.) podem ser beneficiados.

Quanto tempo leva uma terapia na filosofia clínica? Estima-se que uma terapia leve de seis meses até dois anos, em sessões que podem iniciar semanalmente e, gradualmente, sendo mais espaçadas para a cada uma ou duas vezes por mês. Mas, como o que conta é a singularidade, cada caso deve ser analisado individualmente. Porém, é bom destacar que o método visa tornar o partilhante autônomo, de modo que não necessite de longos períodos de terapia, nem dependência do terapeuta. Há casos em que o partilhante, após a alta, busque o consultório de tempos em tempos apenas para ajustes ou atualizações. Em outros casos, na maioria deles, a alta é definitiva.

O que assegura a idoneidade do filósofo clínico? O filósofo clínico está submetido ao Código de Ética e ao instituto ou associação a qual é ligado. Além do Instituto Packter, criado pelo estruturador da filosofia clínica, Lúcio Packter, há outras instituições como o Instituto Mineiro de Filosofia Clínica, a Associação Nacional de Filósofos Clínicos, o Instituto Sul Catarinense, o Instituto Interseção, a Casa da Filosofia Clínica e outros. Todos seguem as mesmas diretrizes de atuação.

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo 
Filósofo. Escritor. Professor. Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ

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