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Paraíso Perdido***


"Nota do prefácio I: 'A melhor opinião que alguém pode emitir acerca do Paraíso Perdido - como, aliás, de todas as grandes obras literárias, - é ler e reler o próprio poema, e não perder tempo a ler o que outros escreveram a seu respeito (...)"

"Nota do prefácio II: Milton anuncia o tema da sua obra, nos três primeiros versos: 'Do homem primeiro canta, empírea Musa, A rebeldia - e o fruto, que, vedado, Com seu mortal sabor nos trouxe ao mundo'  Satã (...) insinua que Deus pretende manter a Raça Humana à margem da Omnipotência Divina; Satã diz-lhe que Deus, ao interditar-lhes que provassem a Maçã, promulgara um veto arbitrário destinado a mantê-los sujeitos à sua vontade (...)'"

"Nota do prefácio III: '(...) É o próprio Satã que relata as supostas afrontas que recebeu de Deus (...) O seu caráter está sintetizado no pensamento que confessa, de que: é melhor reinar no inferno do que ser vassalo no Céu'" 

"(...) Eis a região, o solo, a estância, o clima, E o lúgubre crepúsculo por que hoje, Os Céus, a empírea luz, trocado havemos! (O perdido anjo diz). Troque-se embora, Já que esse, que ficou dos Céus monarca, O que bem lhe aprouver mandar-nos pode. É-nos melhor estar mui longe dele: Se a sublime razão a nós o iguala, Suprema força o põe de nós acima (...)Nesse intelecto seu, todo ele existe; Nesse intelecto seu, ele até pode, Do Inferno Céu fazer, do Céu Inferno

"Recebe o novo rei cujo intelecto, Mudar não podem tempos, nem lugares; (...) Que importa onde eu esteja, se eu o mesmo Sempre serei (...) Nós ao menos aqui seremos livres, Deus o Inferno não fez para invejá-lo; Não quererá daqui lançar-nos fora: poderemos aqui reinar seguros. Reinar é o alvo da ambição mais nobre, Inda que seja no profundo Inferno: Reinar no Inferno preferir nos cumpre, À vileza de ser no Céu escravos (...)"

"(...) Despertai, levantai-vos, companheiros, Ou ficai para sempre aqui submersos! (...)"

"(...) O tirano por fim de nós aprenda, Que vencer só por força um inimigo, E somente vencê-lo por metade, Podem nascer no espaço novos mundos (...)"

"(...) morre a vida, e vive a morte! (...)"

"(...) Deram-me de Pecado o triste nome: Habituados porém a ouvir-me, a ver-me, De mim gostaram; conquistei, Com minhas graças os contrários todos (...) Lá caem os espíritos rebeldes, Das alturas do Céu precipitados (...)"

"(...) Formosa habitação dos novos entes (...) Omnipotente os pôs mais longe, Receoso de que o Céu movesse acaso, Outras desordens, outra rebeldia, De multidão tamanha carregado (...)" 

"Satã, menos opresso e logo às soltas (...) Estende as asas, paira o rei das trevas, E ao longe vê com atenção pausada, O Empíreo Céu, que nos sentidos todos, Vai a perder de vista e excelso encobre A sua forma na grandeza sua: Observa-lhe, com hórrida saudade, De opala as torres, de safira os muros, Sua (outrora) deleitosa pátria! (...)"

"(...) tu, eterna luz, porção divina, Com tanta mais razão me acode e vale: Brilha em minha alma, nela olhos acende, As faculdades todas lhe ilumina (...) A fim que eu livremente veja e narre, Cenas que à vista dos mortais se escondem (...)"

"(...) Formei-o judicioso, justo e livre; Quanto ele ter podia, eu dei-lhe tudo; Estava em seu poder, com o mesmo arbítrio, Cair no crime ou ter-se na virtude. De quem, senão de si, queixar-se deve ? Ingrato! Fi-lo igual dos Céus aos anjos, Dos quais uns na virtude se firmaram, A rebeldia se arrojaram outros, Ambos obrando em liberdade plena (...)"

"(...) Tenho escolhido alguns dentre os humanos, Para de graça especial muni-los (...) Da graça enquanto lhes franqueio as fontes, Destarte quero a mente iluminar-lhes (...) Se puros lhe seguirem os ditames, Usando bem de sua luz primeira, Terão logo de luz ondas sobre ondas (...) 

*John Milton (1608 - 1674) in "Paraíso Perdido". Ed. W. M. Jackson INC. São Paulo. 1949.

** Prefácio de A. H. Robertson e C. S. Lewis. 

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