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Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*

 

 "(...) De pé junto à mesa, abri maquinalmente o livro que trouxera no dia anterior para compilação e, pouco a pouco, fui sendo absorvido pela leitura. Isso me acontece com frequência: pego um livro, abro por um momento para fazer uma consulta, e perco a tal ponto a noção do tempo com a leitura que me esqueço de tudo" 

"(...) Em parte, devia-se também ao conhecimento demasiado limitado que tinha do mundo, à sua falta de costume de lidar com as pessoas, ao isolamento em seu canto. Passara a vida toda em seu cantinho, quase sem sair. E, por fim, ela havia desenvolvido um grau elevado essa característica das pessoas mais bondosas, transmitida talvez pelo pai, de cumular uma pessoa de elogios, de considerá-la obstinadamente melhor do que de fato é, de exagerar irrefletidamente tudo o que ela tem de bom. A decepção posterior é penosa para essas pessoas; e mais penoso ainda é sentir que a culpa disso é delas próprias (...)"

"(...) deito no sofá (...) e fico imaginando que sou, por exemplo, um Homero ou um Dante, ou um Frederico Barba Ruiva - pois você pode imaginar o que quiser. Já você não poderia imaginar que é Dante ou Frederico Barba Ruiva, em primeiro lugar, porque quer ser você mesmo (...) Eu tenho a imaginação, enquanto você tem a realidade (...)" 

"(...) há circunstâncias em que é preciso levar outras coisas também em consideração, em que não se pode medir tudo pela mesma medida"

"(...) era como se sua alma tivesse se transportado inteira para esse olhar"

"(...) isso tudo por causa da sua literatura (...) exclamou ele, quase com raiva. Ela o levou para o sótão, e levará também para o cemitério (...) 

"(...) Naquela época apenas pressentia, sabia, mas não queria acreditar, que além dessa história agora havia algo que devia preocupá-los mais do que tudo no mundo (...) a musa, pelo visto, desde que o mundo é mundo, vive faminta no sótão (...)"

"Todas essas impressões do passado me deixam às vezes tão agitado a ponto de me atormentar e me fazer sofrer. Ao correr da pena, hão de tomar um caráter mais tranquilizador, mais ordenado; menos semelhante a um delírio, a um pesadelo. É a impressão que tenho. O simples mecanismo da escrita já vale a pena: acalma, arrefece os ânimos, desperta os meus antigos hábitos de literato, transforma as minhas recordações e os meus sonhos doentios em trabalho, em ocupação (...)"

"(...) sempre achei mais agradável meditar sobre as minhas composições e fantasiar como haveriam de ser escritas do que de escrevê-las propriamente (...) É impressionante o que um único raio de sol pode fazer na alma de uma pessoa"

*Fiódor Dostoiévski in "Humilhados e Ofendidos". Editora 34. SP. 2018. 

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