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Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*


" (...) Todo estado mental é irredutível: o mero fato de nomeá-lo - de classificá-lo - implica um falseamento (...)

"(...) Dezenove anos tinha vivido como quem sonha: olhava sem ver, ouvia sem ouvir, esquecia-se de tudo, de quase tudo. Ao cair, perdeu o conhecimento; quando o recobrou, o presente era quase intolerável de tão rico e tão nítido, e assim também as memórias mais antigas e mais triviais (...)"

"(...) Logo refletiu que a realidade não costuma coincidir com as previsões; com lógica perversa inferiu que prever um detalhe circunstancial é impedir que este aconteça (...)"

"Hladik preconizava o verso porque ele impede que os espectadores se esqueçam da irrealidade, que é a condição da arte (...)"

"Talvez Schopenhauer tenha razão: eu sou os outros, qualquer homem é todos os homens, Shakespeare é de algum modo o miserável John Vincent Moon"

"(...) O Jardim das Veredas que se Bifurcam é uma imagem incompleta, mas não falsa, do universo tal como Ts'ui Pên o concebia. Diferentemente de Newton e de Schopenhauer, seu antepassado não acreditava num tempo uniforme, absoluto. Acreditava em infinitas séries de tempos, numa rede crescente e vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos (...)"

"(...) Depois refleti que todas as coisas sempre acontecem precisamente a alguém, precisamente agora. Séculos de séculos e só no presente ocorrem os fatos (...)"

"(...) Eu afirmo que a Biblioteca é interminável (...)"

"Pensar, analisar, inventar não são atos anômalos, são a respiração normal da inteligência (...)"

"(...) Inútil responder que a realidade também é ordenada. Talvez seja, mas de acordo com leis divinas - traduzo: com leis inumanas - que nunca chegamos a perceber inteiramente (...)" 

"(...) Um livro que não inclua seu contra livro é considerado incompleto (...)"

"A base da geometria visual é a superfície, não o ponto. Esta geometria desconhece as paralelas e declara que o homem que se desloca modifica as formas que o circundam (...)" 

"O fato de que toda filosofia seja de antemão um jogo dialético (...) contribuiu para multiplicá-las. São numerosos os sistemas incríveis, mas de arquitetura agradável ou de caráter sensacional. Os metafísicos de Tlon não buscam a verdade nem sequer a verossimilhança: buscam o assombro. Julgam que a metafísica é um ramo da literatura fantástica (...)"

"(...) Descobrimos (...) que os espelhos têm algo de monstruoso. Bioy Casares lembrou então que um dos heresiarcas de Uqbar declarara que os espelhos e a cópula são abomináveis porque multiplicam o número dos homens (...)"

*Jorge Luis Borges in "Ficções". Ed. Companhia das Letras. SP. 2007. 

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