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Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais*


"O pensamento só é interessante quando é perigoso. Perigoso para a opinião consagrada e ronronante que serve de fundamento a todos esses 'pareceres de especialistas' em que se refestela o poder (...) São cada vez mais numerosos os que nada têm a dizer e o dizem em voz alta (...)"

"(...) Essa voz do outro, inimiga dos tabeliões, dos chefes de escritório, dos sargentos de toda espécie. Importante que saibamos nos opor ao finório jargão da moralidade bem pensante (...)"

"Num momento em que predomina o nomadismo existencial, a divagação intelectual deve oferecer resposta, como num eco. Antes a pergunta que a solução. A precaução, supostamente (se supondo) científica, deve dar lugar à audácia das ideias (...)"

"(...) as apresentações vitalistas se empenham em descrever os frêmitos, as efervescências, o fervilhar de uma cultura em perpétua gestação (...)"

"(...) Já que Dionísio é, como sabemos, um deus com cem nomes. Não poderia haver melhor metáfora da pluralidade no seio de cada um de nós (...)"

"(...) Fazer o pensamento reverdecer. Tratar de reanimá-lo, com constância, e também com audácia, mantendo o contato com a vida. O que leva a relativizar a ciência. A fazer com que ela não se leve a sério. Pois a ciência não deixa de ser ciência a partir do momento em que se torna uma regra dogmática que não podemos transgredir ? (...)"

"Do fervilhar existencial às diferentes audácias científicas, o que está em jogo é uma mutação de grande envergadura. Para retomar um lugar-comum do debate intelectual, trata-se efetivamente de uma revolução epistemológica (...)"

"(...) É instrutivo observar que, além da 'língua oficial', a do pensamento conforme, existe uma multiplicação de idiomas, discursos tipicamente tribais, enraizados nas práticas cotidianas, de qualquer ordem que sejam: musicais, esportivas, sexuais, culturais e até políticas ou mesmo intelectuais (...)"

"As máscaras pós-modernas estão sob influência. Influência de coisas, de problemas ancestrais. Traduzem a força impessoal que, de forma subterrânea, vem de muito longe, e às vezes se exprime à luz do dia"

"(...) esse conhecimento glacial da ciência oficial se arvora de ser normativo e judicativo. Atitudes pretensiosas, vãs e que perderam o contato precisamente com aquilo que explicam (...)"

"A escolástica tem medo da vida. E toma a si a missão de inculcar por todos os meios esse temor (...)"

"O imaginário societal tem uma autonomia específica. É móvel, fugidio, polimorfo, mas não menos eficaz. E somente um politeísmo epistemológico pode levar a entender o advento das figuras em torno das quais se estrutura a ligação social (...)"

*Michel Maffesoli in "O Ritmo da Vida - Variações sobre o Imaginário Pós-Moderno". Ed. Record. RJ. 2007. 

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